Coube ao decano dos cardeais, Giovanni Battista Re, de 91 anos, oficiar a missa matinal que antecedeu o conclave, na basílica de São Pedro. Tal como o frade Cantalamessa que ministrou a reflexão que antecedeu o voto, por ser maior de 80 anos Re não pôde participar no conclave. Aos purpurados eleitores, o italiano fez um “forte apelo para manutenção da unidade da Igreja” Católica. “Uma unidade que não significa uniformidade, mas uma comunhão sólida e profunda na diversidade, desde que se permaneça plenamente fiel ao Evangelho”, disse. Sobre a escolha do próximo pontífice, Re disse que a “eleição do novo papa não é uma simples sucessão de pessoas, mas é sempre o apóstolo Pedro que retorna”. Para o cardeal, “rezar, invocando o Espírito Santo, é a única atitude justa e necessária, enquanto os cardeais eleitores se preparam para um ato de máxima responsabilidade humana e eclesial e para uma escolha de excecional importância; um ato humano pelo qual se deve deixar de lado qualquer consideração pessoal, tendo na mente e no coração apenas o Deus de Jesus Cristo e o bem da Igreja e da humanidade”. Mais do que o que foi dito pelo cardeal, da mensagem do decano destacou-se o silêncio em relação ao papado terminado no dia 21 de abril. É costume a missa Pro eligendo romano pontifice guardar umas palavras sobre o anterior papa. “Não pode ter esquecido, é deliberado”, disse um prelado ao correspondente do El País em Roma. A leitura da omissão é reforçada pelo gesto, no final da cerimónia, de Re, que abraçou o compatriota Pietro Parolin e lhe desejou felicidades. A explicação sobre estes sinais é a de que Re estava a sinalizar o seu apoio ao secretário-geral. O número dois de Francisco é visto pelos seus apoiantes com uma solução de compromisso entre os setores mais conservadores e o establishment do Vaticano em contraponto a candidaturas que queiram aprofundar as reformas iniciadas pelo argentino. Fora do Vaticano, mas com este em pano de fundo, a organização Conferência de Ordenação de Mulheres manifestou-se com fumo rosa e a frase de ordem “O lugar da mulher é no conclave”, como disse Kate McElwee, diretora daquela associação norte-americana..Leão XIV contra “ateísmo prático” num tempo em que fé é vista como "absurda". Missa inaugural a 18 de maio.Um Conclave com cenário pintado por Michelangelo