Joe Biden, com a mulher Jill, a filha Ashley e o filho Hunter, durante a tomada de posse presidencial em 2021.
Joe Biden, com a mulher Jill, a filha Ashley e o filho Hunter, durante a tomada de posse presidencial em 2021.FOTO: Casa Branca

Da luta contra o cancro aos problemas com drogas. O destino trágico da família de Joe Biden

Prestes a deixar a Casa Branca, o presidente norte-americano indultou o seu filho, Hunter. Mas a vida, quer do pai, quer do filho, tem sido tumultuosa e marcada por incidentes, desde a morte da primeira mulher à luta contra o cancro de Beau.
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A pouco mais de um mês de deixar a Casa Branca, Joe Biden concedeu no domingo um indulto a um dos seus filhos, Hunter.

Segundo o ainda presidente americano, o filho -- que tinha três condenações relacionadas com posse de armas e ocultação de consumo de drogas às autoridades -- "foi visado" por ser seu filho. "Nenhuma pessoa razoável que olhe para os factos nos casos de Hunter [Biden] pode tirar outra conclusão além de que foi visado por ser meu filho", referiu em comunicado. "Espero que os americanos compreendam porque é que um pai e um presidente tomou esta decisão", declarou Biden.

Ainda que o caso de Hunter seja o mais conhecido, Joe Biden -- que fará 83 anos para o ano -- tem uma vida marcada por tristezas familiares e pessoais.

O acidente de automóvel

Em 1972, Joe Biden foi eleito para o Senado americano, com apenas 29 anos.

Seis semanas após a eleição, a mulher, Neilia Hunter, e Naomi, a filha mais nova, morreram num acidente de carro. Os dois filhos (Beau e o próprio Hunter) também seguiam no automóvel e ficaram gravemente feridos.

Num discurso perante militares, enquanto era vice-presidente, Biden recordou o sucedido: "A minha mulher e os meus três filhos estavam a fazer compras de Natal, um camião atingiu-os e matou a minha mulher e a minha filha e não havia certezas se os meus filhos sobreviveriam."

Biden viria a casar-se novamente, em 1977, com a sua atual mulher, Jill, de quem tem uma filha, Ashley.

O tumor cerebral

Apesar das dúvidas em relação ao estado físico dos dois rapazes, Beau Biden (o filho mais velho do presidente norte-americano) acabou por sobreviver, seguindo as pisadas do pai na política e na advocacia.

Em 2008, alistou-se no exército e serviu no Iraque, de onde regressou passado um ano.

Em maio de 2010, Beau foi ao hospital Christiana, em Newark, no Delaware, queixando-se de fortes dores de cabeça, dormência e paralisia. Na altura, os médicos assumiram que teria sofrido um "derrame leve". Acabou, mais tarde nesse mês, por ser transferido para o hospital da Universidade Thomas Jefferson, na Filadéflia, onde esteve sob obversação.

Só três anos mais tarde, em agosto de 2013, acabaria por ser feito um diagnóstico: foi-lhe detetado um tumor no cérebro. Faria, depois, radio e quimioterapia, com o cancro a estabilizar.

No entanto, em maio de 2015, foi internado no Hospital Militar Nacional de Walter Reed, em Bethesda, no estado do Maryland. Morreria no final desse mês, a 30 de maio, com 46 anos.

Hunter Biden: o único filho vivo

Dos três filhos de Joe Biden com Neilia (a primeira mulher), Hunter é o único que ainda está vivo. Mas a sua vida tem sido tumultuosa.

Casado com Kathleen Buhle em 1993, Hunter teve duas filhas. Divorciar-se-ia anos mais tarde. Manteve um caso, durante dois anos, com Hallie, a sua cunhada, viúva de Beau, o seu irmão, que terá terminado em 2019.

No entanto, esta está longe de ser a única polémica de Hunter Biden, que passou décadas a lutar contra o vício de álcool e drogas. Em 2014, chegou mesmo a ser dispensado do seu serviço na Marinha, após a deteção de cocaína em análises ao seu sangue.

Já este ano, Hunter Biden foi ouvido em tribunal, onde se declarou culpado de delitos fiscais cometidos no ano passado. Inicialmente, declarou-se inocente das acusações relacionadas aos seus impostos de 2016 a 2019 e os seus advogados indicaram que argumentariam que não agiu "intencionalmente" ou com a intenção de infringir a lei, em parte por causa das lutas com álcool e drogas.

Hunter tinha concordado em declarar-se culpado de delitos fiscais no ano passado, num acordo com o Departamento de Justiça que lhe permitiria evitar a acusação no caso do uso de armas, caso não viesse a ter mais incidentes com a justiça.

O acordo foi, porém, desfeito depois de um juiz ter questionado aspetos invulgares do mesmo, pelo que Hunter foi posteriormente acusado nos dois casos.

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