Coreia do Sul em alerta após detetar grande mobilização de aeronaves norte-coreanas
O exército sul-coreano mobilizou esta sexta-feira 80 aviões depois de identificar um grande destacamento de aeronaves da Coreia do Norte, que tem lançado mísseis para responder a manobras militares de Seul e Washington.
A prontidão militar surge, na sequência da deteção de cerca de 180 aviões militares mobilizados no espaço aéreo norte-coreano, disse o Ministério da Defesa da Coreia do Sul em comunicado.
"A Força Aérea da República da Coreia [nome oficial do Sul] mobilizou rapidamente os seus recursos (...)", anunciou na nota, referindo-se a 80 caças, "incluindo F-35A". Acrescenta que cerca de 240 aviões que participam nos exercícios conjuntos com os Estados Unidos foram ativados, em sintonia com uma "postura vigilante" face à possível ameaça.
Já hoje o exército sul-coreano fez saber que a Coreia do Norte disparou na quinta-feira cerca de 80 tiros de artilharia em direção a uma "zona tampão" marítima, depois do prolongamento de exercícios militares conjuntos da Coreia do Sul com os Estados Unidos.
Os disparos são "uma clara violação" do acordo inter-coreano de 2018, que estabeleceu essas "zonas tampão" para reduzir as tensões entre os dois lados, disse o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.
Os Estados Unidos e a Coreia do Sul alertaram na quinta-feira a Coreia do Norte que a utilização de qualquer tipo de arma nuclear contra Seul ou outros aliados regionais resultaria no fim do regime de Kim Jong-un.
A posição dos dois Estados surge numa altura em que Pyongyang tem aumentado os testes de mísseis balísticos na península coreana.
Após se reunirem no Pentágono, o secretário Estado da Defesa, Lloyd Austin, e o ministro da Defesa sul-coreano, Lee Jong-sup, divulgaram uma declaração conjunta a referir que "condenaram fortemente" a escalada militar da Coreia do Norte.
Em Washington, ambos os governantes pressionaram que qualquer uso de armas nucleares, incluindo dispositivos nucleares táticos de baixo rendimento contra Seul ou outros aliados regionais como o Japão, "resultaria no fim do regime de Kim Jong-un pela resposta esmagadora e decisiva da aliança", referiu Lee em conferência de imprensa conjunta com Austin.
O secretário de Estado da Defesa norte-americano também disse que o aumento da agressão da Coreia do Norte não resultaria em tropas adicionais dos Estados Unidos ou ativos estratégicos na região de forma permanente, mas numa presença militar temporária.
As tensões entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte também aumentaram com os relatórios recém-divulgados de que está a fornecer artilharia para a Rússia usar contra a Ucrânia.
Em resposta aos lançamentos de mísseis, os Estados Unidos prolongaram o exercício militar "Vigilant Storm", que estava programado para durar até sexta-feira.
"O nosso exercício aéreo combinado com a ROK [Forças Armadas da Coreia do Sul] foi prolongado até 5 de novembro [sábado]. Continuamos em estreita coordenação com o nosso aliado da ROK em quaisquer mudanças adicionais e no ambiente de segurança na Península da Coreia. O nosso compromisso com a defesa da ROK é firme", salientou o Pentágono num 'e-mail' enviado à imprensa norte-americana.
Os exercícios militares de grande escala entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul foram retomados este ano.
O "Vigilant Storm" -- que envolve mais de 1.600 voos norte-americanos e sul-coreanos em cerca de 240 aviões de guerra -- é o maio exercício desse tipo realizado até hoje, segundo o Pentágono.
Os testes balísticos efetuados na quarta-feira incluíram pelo menos 23 mísseis, bem com cerca de 100 projéteis de artilharia que foram disparados numa zona de amortecimento marítima oriental.
O ministro da Defesa japonês, Yasukazu Hamada, disse que pelo menos dois mísseis balísticos mostraram uma trajetória possivelmente "irregular".