O ex-Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo) Joseph Kabila foi esta terça-feira (30) condenado à morte, após um julgamento à revelia por traição perante o tribunal militar do país.O ex-chefe de Estado congolês (2001-2019), de 54 anos, foi considerado culpado de cumplicidade com o Movimento 23 de março (M23), grupo armado antigovernamental apoiado pelo Ruanda.Nenhuma informação foi fornecida sobre o paradeiro atual de Kabila, tornando improvável uma prisão pelas autoridades congolesas neste momento.Um recurso contra o veredicto do Tribunal Militar Superior, a mais alta instância militar do país, ainda é possível, mas apenas para questões de direito e não para reexaminar os factos.Para o investigador do Instituto Congolês Ebuteli, Ithiel Batumike, citado pela agência de notícias France Presse (AFP), com esta decisão judicial, Kinshasa espera enviar "uma mensagem forte aos rebeldes sobre a sua intransigência", mas também "enfraquecer um adversário" que tentou "unir a oposição".Num discurso 'online', em maio, Kabila afirmou que "a ditadura deve acabar" no país e disse estar pronto para "fazer a sua parte", posicionando-se abertamente como um opositor do atual Presidente, Félix Tshisekedi.Por ordem do Governo, a imunidade parlamentar de Joseph Kabila como senador vitalício foi suspensa no final de maio e um julgamento por traição foi aberto no final de julho.Joseph Kabila, que deixou a RDCongo em 2023, reapareceu recentemente em Goma, cidade controlada pelos rebeldes, “para participar nos esforços de paz” no leste, onde os rebeldes do M23, apoiados pelo Ruanda, ocuparam grandes áreas.O leste congolês, rico em recursos naturais, é afetado por conflitos há 30 anos. A presença de vários grupos armados e milícias alimenta um clima de insegurança quase permanente. O M23, que afirma querer derrubar o regime de Tshisekedi, reapareceu na região no final de 2021.Um acordo de paz entre os Governos congolês e ruandês foi assinado em junho, em Washington. Uma declaração de princípios com o M23 "em favor de um cessar-fogo permanente" também foi assinada no Qatar no mês seguinte, mas a violência no terreno continua.Uma investigação das Nações Unidas apontou, no início de setembro, atos de todas as partes no conflito que podem constituir crimes de guerra e crimes contra a humanidade.