Imagem da versão em inglês do panfleto sueco para preparar a população para um conflito.
Imagem da versão em inglês do panfleto sueco para preparar a população para um conflito.

Como construir um bunker, armazenar comida e viver sem eletricidade. Alemanha, Suécia e Finlândia preparam população para um conflito

Com a tensão com a Rússia a subir, os governos alemão, sueco e finlandês têm criado aplicações e publicado guias para preparar as suas populações para um eventual conflito na Europa.
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Em Portugal, a hipótese de um conflito com a Rússia parece um cenário remoto e longínquo, mas para os seus países vizinhos ou mais próximos, o aumento da tensão com Moscovo não passou em branco e os governos da Alemanha, Suécia e Finlândia decidiram preparar as suas populações para a possibilidade de um conflito na Europa. 

Depois de o presidente russo Vladimir Putin ter anunciado mudanças na doutrina nuclear do seu país para tornar mais fácil uma resposta desta natureza a um ataque de um país que seja apoiado por outro que tenha armas nucleares - uma reação à luz verde de EUA e Reino Unido para a Ucrânia usar os seus mísseis contra território russo -, os sinais de alarme dispararam nos países mais próximos. 

Na Alemanha, o Ministério do Interior está a desenvolver uma aplicação para os telemóveis que ajuda a população a localizar o bunker mais próximo em caso de ataque. As autoridades estão a tentar aumentar o número de abrigos, depois de uma estimativa recente ter chegado à conclusão que só existirão neste momento cerca de 600 prontos a usar para uma população de 84 milhões. Muitos dos abrigos dos tempos da Guerra Fria foram desmantelados por se pensar que já não eram necessários. 

Os especialistas alemães, citados pelo jornal britânico The Guardian, estimam que um ataque russo é uma possibilidade nos próximos cinco anos e estão à procura de estruturas que possam ser usadas como bunkers - incluindo estações de metro, caves de edifícios públicos ou parques de estacionamento subterrâneos. 

Os alemães estão ainda a ser encorajados a transformar as suas próprias caves, garagens ou dispensas em abrigos, com as novas construções a serem obrigadas a incluir uma sala segura. Uma realidade que já existe na Polónia. 

Suécia e Finlândia, que depois de décadas de neutralidade decidiram ambas aderir à NATO na sequência da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, também têm os seus próprios planos para preparar a população para um eventual conflito. 

As autoridades suecas estão a distribuir um panfleto de 32 páginas intitulado "Se a crise ou a guerra chegarem". Nele pode ler-se "vivemos tempos incertos. Conflitos armados estão atualmente a ser travados no nosso canto do mundo. Terrorismo, ataques cibernéticos e campanhas de desinformação estão a ser usados ​​para nos minar e influenciar". 

Disponível em sueco e em inglês, o panfleto - uma tradição naquele país nos tempos da II Guerra Mundial - recomenda que mantenha um bom stock de água em casa, que tenham cobertores de sobra, roupa quente, um rádio a pilhas e comida enlatada e rica em proteínas. O mesmo documento alerta ainda para o sistema de aviso de ataque, os abrigos anti-aéreos e explica como usar a casa de banho se a água for cortada. 

Na Finlândia, que partilha mais de 1300 km de fronteira com a Rússia, as autoridades também divulgaram online um Guia de preparação para Crise e Incidentes - que já foi descarregado por meio milhão de pessoas. Este dá aos residentes informações e conselhos sobre como lidar com falta de água, incêndios florestais, o colapso da internet ou "crises de longa duração como conflitos militares". 

Um outro site, este não oficial, pergunta aos finlandeses: "Sobreviveriam 72 horas?" em caso de crise ou conflito. Chamado 72tuntia.fi, o site dá dicas para reforçar a resistência priscológica, mas também sobre melhorar a cibersegurança ou como tornar a sua casa num abrigo - "isolar janelas e portas, ligar a rádio e esperar por instruções". 

Numa nova escalada da tensão, um alto diplomata russo disse este sábado à agência TASS que Moscovo estará a pensar retomar os ensaios nucleares, pela primeira vez desde 1990, pouco antes do colapso da União Soviética. "Está em cima da mesa", garantiu o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Sergei Ryabkov, citado depois pela SkyNews.

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