A iminência de um acordo entre os Estados Unidos e a Ucrânia para a exploração de minerais críticos e hidrocarbonetos havia sido confirmada na segunda-feira pela vice-primeira-ministra ucraniana para a Integração Europeia e Euroatlântica, Olga Stefanishyna. Na terça-feira ao fim do dia o Financial Times dava como certo um acordo, depois de o presidente Volodymyr Zelensky ter recusado versões anteriores do mesmo. Pelo meio, o comissário europeu para a Estratégia Industrial propôs uma parceria “vantajosa para ambos” e o líder russo anunciou que está prestes a fazer acordos com os EUA sobre as suas terras raras. Ao jornal económico britânico, fontes ucranianas garantiram que Kiev está pronta a assinar a versão em cima da mesa, apesar de não conter quaisquer garantias de segurança, como desejavam. Segundo a Reuters, Zelensky irá a Washington na sexta-feira, onde poderá assinar o acordo com Donald Trump..Zelensky vai viajar sexta-feira para Washington para se reunir com Trump e assinar o acordo dos minerais.De acordo com o Financial Times, a versão final do acordo prevê a criação de um fundo para o qual a Ucrânia contribuirá com 50% das receitas provenientes da “futura exploração financeira” dos recursos minerais - gás e petróleo incluído -, e da logística associada. De fora do negócio ficam as atuais explorações - e a exigência norte-americana de receber até 500 mil milhões de dólares em proveitos como compensação da ajuda militar proporcionada. “O acordo sobre os minerais é apenas uma parte do quadro. Ouvimos várias vezes a administração dos EUA dizer que faz parte de um quadro mais alargado”, disse Stefanishyna, que é também ministra da Justiça, ao Financial Times. O secretário do Tesouro dos EUA Scott Bessent havia explicado que o fundo será usado para o “desenvolvimento e a reconstrução a longo prazo da Ucrânia”. O acordo terá de ser aprovado pelo governo e ratificado pelo Parlamento ucraniano..500Mil milhões de euros é quanto custa a reconstrução da Ucrânia, estima o Banco Mundial. O valor equivale a 2,8 vezes o PIB do país em 2024..Em Kiev, o comissário europeu para a Estratégia Industrial apresentou uma proposta para a exploração de minerais estratégicos. “Vinte e um dos 30 materiais críticos para a Europa podem ser fornecidos pela Ucrânia numa parceria mutuamente benéfica. O valor acrescentado da Europa é o facto de nunca exigirmos um acordo que não seja mutuamente benéfico”, afirmou Stéphane Séjourné à AFP. No dia seguinte, a Comissão Europeia esclareceu que não está em causa uma nova proposta, mas uma oferta para desenvolver um memorando de entendimento datado de 2021 entre a UE e a Ucrânia.E em Moscovo Vladimir Putin continuou a cortejar o presidente dos EUA, ao afirmar numa entrevista televisiva estar recetivo a que os norte-americanos tenham acesso às terras raras e aos minerais críticos, depois de ter conduzido uma reunião sobre o tema. “Também nós vamos fazer acordos com os EUA”, disse, tendo dado o exemplo de um projeto de fábrica de alumínio em Krasnoyarsk, na Sibéria. “Temos, sem dúvida, substancialmente mais recursos deste tipo do que a Ucrânia”, afirmou. Putin não perdeu a ocasião para dizer que Zelensky é “tóxico para a Ucrânia” um “obstáculo para a paz”.A par com MacronNa ressaca da viagem de Emmanuel Macron a Washington e antes do Conselho Europeu especial dedicado à Ucrânia e à segurança na Europa, a decorrer no dia 6 de março, o presidente do Conselho António Costa convocou uma reunião por videoconferência para esta quarta-feira de manhã. .Trump confirma reunião com Zelensky em Washington na sexta-feira. O presidente francês, que esteve reunido duas vezes com Donald Trump na Casa Branca na segunda-feira, tentou convencer o norte-americano de que a Europa está pronta a assumir as suas responsabilidades de defesa e que quer obter a paz na Ucrânia, inclusive com o envio de militares como força de dissuasão, mas que os EUA devem fazer parte da equação para assegurar que um acordo para cessar as hostilidades se mantenha de pé. “Ser forte e ter os meios de dissuasão é a única forma de garantir que [o futuro cessar-fogo] seja respeitado. Insisti nisso e é por isso que acredito que os EUA podem consegui-lo, e é por isso que acredito que não devemos dizer ‘Nunca enviarei tropas para o terreno’, porque isso seria como assinar um cheque em branco para que qualquer forma de compromisso seja violada”, defendeu Macron perante os jornalistas.Na quinta-feira é a vez do primeiro-ministro britânico se deslocar à residência e gabinete oficial do presidente dos EUA. “Esta semana, quando me encontrar com o presidente Trump, vou ser claro: quero que esta relação se fortaleça cada vez mais”, disse Keir Starmer na Câmara dos Comuns. A preparar terreno, anunciou um aumento na despesa militar, de 2,3% do PIB atual para 2,5% em 2027 e 2,6% em 2028, “o maior aumento sustentado da despesa com a defesa desde o fim da Guerra Fria”, disse. “O presidente Trump acha que devemos fazer mais, e eu concordo com ele. Esta é uma decisão minha, baseada na minha avaliação das circunstâncias que enfrentamos como país, e é tomada antes de mais para garantir que o Reino Unido e os seus cidadãos estão seguros e protegidos”, acrescentou. Sobre as relações com os EUA sob Trump e com uma União Europeia aparentemente às avessas no que respeita à Ucrânia, afirmou: “Temos de rejeitar qualquer falsa escolha entre os nossos aliados. Entre um lado do Atlântico ou o outro. Isso é contra a nossa história, o nosso país e o nosso partido.” Na segunda-feira à noite, França e Reino Unido abstiveram-se, no Conselho de Segurança da ONU durante a votação sobre a resolução dos EUA que apelava para a paz sem fazer referência à soberania e integridade territorial da Ucrânia . Além destas abstenções, somaram-se as dos restantes países europeus presentes no órgão de forma rotativa (Dinamarca, Eslovénia e Grécia). Horas antes, na Assembleia Geral, a resolução recebera emendas dos países europeus que levaram os EUA a abster-se da mesma. Além disso, os norte-americanos votaram contra a proposta de resolução da Ucrânia e dos países europeus, ficando ao lado da Rússia, China ou Coreia do Norte. “Não achámos que fosse propício, francamente, ter algo na ONU que fosse antagónico para qualquer um dos lados”, explicou o secretário de Estado dos EUA Marco Rubio ao site de extrema-direita Breibart..P&R. Pode a guerra na Ucrânia acabar em breve?