Cinco pessoas acusadas de corrupção no Parlamento Europeu no caso Huawei
Cinco pessoas foram acusadas de corrupção ativa ou branqueamento de capitais no âmbito da investigação que visa a empresa chinesa Huawei, por suspeitas de corrupção no Parlamento Europeu, anunciou esta terça-feira o Ministério Público federal belga.
"O juiz de instrução acusou, até agora, quatro pessoas de corrupção ativa e organização criminosa. Uma quinta pessoa foi acusada de branqueamento de capitais. As quatro pessoas foram colocadas sob custódia e a quinta foi libertada condicionalmente", indicou o Ministério Público belga.
No âmbito desta investigação, foram efetuadas novas buscas na segunda-feira nas instalações do Parlamento Europeu em Bruxelas, precisaram as autoridades judiciais belgas.
Uma primeira vaga de buscas decorreu a 13 de março na Bélgica e em Portugal. Uma pessoa foi também detida em França, o consultor e lobista português registado no Parlamento Europeu Nuno Wahnon Martins. De acordo com as informações recolhidas pelo DN, Wahnon Martins era mesmo um dos “alvos” das buscas que as autoridades belgas efetuaram em Portugal com a colaboração da Polícia Judiciária no âmbito de uma investigação a suspeitas de corrupção por parte da empresa chinesa Huawei a elementos do Parlamento Europeu.
Na mira dos investigadores, estão os lobistas que trabalham para a Huawei e os assistentes parlamentares suspeitos de terem transmitido pedidos de intervenção a eurodeputados.
De acordo com o Ministério Público, os subornos foram praticados "regularmente e de forma muito discreta" desde 2021, "disfarçados de 'lobbying' comercial" e assumindo várias formas, como remunerações por cargos políticos ou "presentes excessivos", despesas de alimentação e de deslocação, ou convites regulares para jogos de futebol.
A empresa reagiu afirmando ter uma política de "tolerância zero" em relação à corrupção.
"A Huawei leva estas acusações a sério e vai comunicar urgentemente com os investigadores para compreender melhor a situação", afirmou um porta-voz da empresa, citado pela agência de notícias France-Presse.
Esta é a segunda vez em menos de três anos que o Parlamento Europeu, a única instituição eleita da União Europeia (UE), é afetado por um escândalo de corrupção.
No âmbito do caso 'Qatargate', a justiça belga investiga desde 2022 factos que envolvem vários antigos eurodeputados socialistas suspeitos de terem sido corrompidos por duas potências estrangeiras, o Qatar e Marrocos.