Um dia depois de uma sondagem ter indicado que 58% dos norte-americanos discordam da forma como Donald Trump está a lidar com o caso Epstein, e de o presidente ter dado novas explicações sobre o fim da amizade com o seu vizinho de Mar-a-Lago, a Casa Branca deu sinais de que a base de apoio de Trump aliviou a pressão. “Eu não diria que a questão está encerrada”, disse ao The Washington Post um funcionário da Casa Branca, sob anonimato. “É uma daquelas coisas que, para um determinado segmento da base, um segmento muito pequeno da base, nunca vai desaparecer, não importa o que aconteça”, continuou. A acalmia deve-se a dois fatores que estão ligados, na opinião dos republicanos. A primeira foi a reação à notícia do Wall Street Journal sobre o cartão de aniversário que Trump terá enviado a Epstein em 2003. O movimento MAGA insurgiu-se contra o jornal e Trump, que disse estar perante uma notícia falsa, avançou com um processo contra a publicação propriedade de Rupert Murdoch, o bilionário que detém o canal preferido do presidente, Fox News. Na sequência, o presidente deu ordens à procuradora-geral Pam Bondi para esta solicitar a divulgação de “todos os depoimentos pertinentes” do grande júri no caso Epstein. Esta medida - revertendo o discurso até à data de que não tinha sido descoberta uma “lista de clientes” nem mais pormenores sórdidos além dos conhecidos - aplacou os influentes comentadores MAGA, que entretanto começaram a criticar os democratas pelo seu interesse no caso..86Percentagem de norte-americanos que apoia a divulgação de todos os documentos relacionados com o caso Epstein, segundo sondagem do The Washington Post.. Na quarta-feira, o Post também revelou que as transcrições do grande júri pedidas por Bondi incluem o testemunho de apenas um agente do FBI e de um detetive da polícia de Nova Iorque, representando um fragmento das provas obtidas pelo FBI. Além disso, está longe de certo as transcrições virem a ser divulgadas. Uma juíza da Florida rejeitou na semana passada o pedido do Departamento de Justiça para revelar as transcrições das investigações do grande júri sobre Epstein em 2005 e 2007. Já em Nova Iorque, os juízes advertiram o Departamento de Justiça de que o argumento de que se trata de uma “questão de interesse público” é insuficiente para a divulgação das transcrições do grande júri, cujo sigilo é defendido pela lei. Os juízes também deram um prazo para as vítimas se pronunciarem sobre a eventual publicação dos documentos, ainda que com a sua identificação ocultada.Foi com a menção de uma das vítimas - Virginia Giuffre, que se suicidou em abril - que Trump voltou ao caso. Durante a viagem de regresso da Escócia para os EUA, o presidente disse agora que a relação com Epstein azedou porque o abusador desviava as funcionárias do spa do seu clube de Mar-a-Lago, e deu como exemplo Giuffre, a vítima que acusou Epstein e o príncipe André. Segundo as declarações de Giuffre à justiça, esta estava a trabalhar como camareira há uma semanas, no verão de 2000, quando foi abordada pela então companheira de Epstein, Ghislaine Maxwell. Até agora, a versão do fim da amizade datava de 2004, quando ambos competiram pela compra de uma mansão..Maxwell quer sentença anulada O advogado de Ghislaine Maxwell entregou na segunda-feira um pedido para o Supremo Tribunal invalidar a sua condenação. Argumenta que as autoridades não honraram o acordo entre os procuradores federais da Florida e Epstein, em 2008, segundo o qual o milionário se declarou culpado de solicitação de prostituição em troca de imunidade para si e para os cúmplices. A cumprir uma sentença de 20 anos de prisão, a ex-companheira de Jeffrey Epstein voltou à ribalta depois de se ter reunido com o vice-procurador-geral Todd Blanche duas vezes na última semana. A iniciativa - já de si incomum - foi vista com ceticismo devido às ligações do número dois do Departamento de Justiça. Blanche foi advogado pessoal de Trump e é amigo do advogado de Maxwell, David Oscar Markus. Em paralelo, Maxwell foi chamada a testemunhar no Congresso. Em resposta, esta pediu em troca imunidade. A comissão responsável pelo pedido de pronto descartou tal concessão. No entanto, a questão chegou a Trump. Este lembrou que tem a prerrogativa de perdoar condenados, mas disse que ninguém o contactou nesse sentido e que “não seria apropriado falar sobre o assunto”.