Enquanto o mundo continuou a reagir à notícia da morte do ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, o seu funeral de Estado começou a ser planificado de acordo com as instruções que deixou. Afinal, ao morrer com cem anos, teve mais de quatro décadas para pensar nas cerimónias fúnebres em seu nome. Embora os acertos finais ainda estejam em marcha, o Centro Carter disse que as cerimónias públicas de homenagem ao antigo presidente democrata serão realizadas em Atlanta e Washington, seguidas de um enterro na terra natal de Carter, Plains, Geórgia, onde ficará ao lado da sua mulher Rosalynn, falecida em novembro do ano passado. O funeral oficial de James Carter terá lugar no dia 9 de janeiro, confirmou a Casa Branca na segunda-feira. O presidente cessante declarou essa data como dia nacional de luto ao reagir ao falecimento. No ano passado, Joe Biden revelou que Carter lhe havia pedido para ser ele a fazer o discurso fúnebre. A relação de amizade entre ambos data de 1976, quando o então senador por Delaware decidiu apoiar a candidatura do governador da Geórgia à presidência. Carter, como Biden, cumpriu apenas um mandato (entre 1977 e 1981). As cerimónias oficiais estão entregues à Força Tarefa Conjunta - Região da Capital Nacional, do Departamento de Defesa. A primeira fase de cerimónias será realizada nos locais onde o antigo presidente viveu, ou seja, na Geórgia. Seguem-se as cerimónias na capital federal, com guardas de honra das forças armadas e, por fim, o enterro. O corpo do antigo chefe de Estado vai repousar na Rotunda do Capitólio dos Estados Unidos. “Isso permitirá que o povo norte-americano tenha a oportunidade de prestar a sua homenagem ao presidente Carter”, disse o Centro Carter em comunicado. Esta tradição, reservada a presidentes e alguns políticos, foi iniciada em 1852 com Henry Clay, que tinha sido secretário de Estado. Até agora, 12 cadáveres de antigos presidentes estiveram no Capitólio: o primeiro foi Abraham Lincoln, e o mais recente foi George Bush. Além da presença dos antigos presidentes vivos - Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama e Donald Trump - é de esperar uma grande afluência de líderes mundiais aos serviços fúnebres, até pela unanimidade que a sua longa vida granjeou, seja como político de princípios, mas também pragmático, ao estabelecer relações com a China, seja como ativista pela paz - forjou a paz entre o Egito e Israel - e mais tarde pelas causas democráticas, mas também pela erradicação da dracunculíase (doença do verme da Guiné), que atingia milhões de pessoas quando lançou a campanha, em 1986, e no ano passado foram reportados 14 casos. Jimmy Carter foi o primeiro presidente dos EUA a deslocar-se a um país da África subsaariana. O país visitado foi a Nigéria. Olusegun Obasanjo, líder militar daquele país à época, descreveu Carter como “um grande líder, sob qualquer ponto de vista” e um presidente humilde, “um homem que compreende o poder. Mas também compreende que a beleza do poder não está em usá-lo”. Em declarações à nigeriana Arise TV, concluiu: “O poder está no facto de as pessoas saberem que ele existe e de não se usar um martelo para matar uma formiga. E é isso que se vê no presidente Carter”, disse Obasanjo, que depois foi eleito presidente em 1999..Em números.39.Foi o trigésimo nono presidente dos EUA, mas o primeiro em muitas coisas, sendo considerado o pioneiro como outsider político..77.Anos de casamento com Rosalynn Carter. Unidos em 1946, quando o noivo tinha 21 e a noiva 18 anos, foram separados pela morte de Rosalynn, em 2023..3.Depois de Woodrow Wilson e Theodore Roosevelt, foi o 3.º líder norte-americano agraciado com o Nobel da Paz. Seguiu-se Barack Obama.