Brigada do Hamas em Rafah dizimada, diz Israel
As forças armadas israelitas proclamaram vitória sobre o Hamas em Rafah, a cidade mais a sul da Faixa de Gaza. Segundo informações prestadas pelos militares, a brigada do Hamas em Rafah foi dizimada, tendo sido contabilizados pelo menos 2308 mortos nas operações israelitas. Além disso, foram destruídos 13 quilómetros de túneis.
“Os seus quatro batalhões foram destruídos e concluímos o controlo operacional de toda a área urbana”, disse o general Itzik Cohen. Segundo as forças israelitas, citadas pelo Times of Israel, os engenheiros militares estão a concluir inspeções a dezenas de túneis do Hamas que ainda não foram demolidos, entre os mais de 200 que existiam ao longo da fronteira com o Egito (no chamado corredor Philadelphi), uma operação que ainda demorará semanas.
Este anúncio de vitória dá-se enquanto prosseguiram as condenações internacionais ao bombardeamento da véspera ter matado 18 pessoas numa escola transformada em abrigo pelos palestinianos deslocados, e situada em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza. A versão de Israel é que na escola foi atingido um centro de controlo do Hamas, tendo fornecido uma lista com os nomes de nove membros do Hamas alegadamente mortos no ataque, incluindo três funcionários da agência da ONU para os refugiados palestinianos, UNRWA.
Ainda segundo as forças israelitas, o Hamas utilizava a escola para planear e executar ataques contra o seu exército e que tomaram “muitas medidas” para reduzir os danos aos civis no ataque, incluindo o uso de munições de precisão, vigilância aérea e outras informações. O porta-voz do governo israelita, David Mencer, disse por sua vez que a escola era “um alvo legítimo” porque foi utilizada pelo Hamas para lançar ataques.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou o ataque à escola Al-Jawni, gerida pela ONU, de “totalmente inaceitável”, segundo o seu porta-voz, Stéphane Dujarric, que realçou ainda o facto de estarem mulheres e crianças entre as vítimas mortais. A UNRWA disse que morreram seis funcionários, incluindo o diretor do abrigo no que foi o quinto bombardeamento ao complexo. Pelo menos 220 funcionários da agência foram mortos desde 7 de outubro.
Apesar de concordar com Telavive de que o Hamas utiliza os locais onde se abrigam civis como escudo, o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken disse que “os locais humanitários devem ser protegidos”. Já o chefe da diplomacia europeia Josep Borrell mostrou-se “indignado” com as mortes, e comentou que os ataques israelitas a um abrigo demonstram um “desrespeito pelos princípios básicos” do direito humanitário internacional.
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