Borrell junta a voz a Zelensky pelo fim das restrições de armas de longo alcance
A Ucrânia não tem meios para deter o avanço russo no leste do país. A incursão na região russa de Kursk, além dos objetivos proclamados da criação de uma “zona tampão” e de reunir o maior número possível de prisioneiros de guerra, é também ou sobretudo uma tentativa para forçar Moscovo a responder com a transferência de homens da zona de combate para a região alvo de invasão. Até agora, as chefias russas não deram quaisquer sinais de que irão fazê-lo, preferindo capturar mais terreno no Donbass. A única forma de poder bloquear as tropas russas, argumentou Volodymyr Zelensky, na segunda-feira, e agora Josep Borrell, é através da utilização de armas de longo alcance para destruir alvos militares em território russo.
Para o chefe da diplomacia europeia, o levantamento das restrições contra as forças militares russas, desde que “em conformidade com o direito internacional”, teria vários “efeitos importantes”, disse no X após conversa com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba. Antes de mais, negando à Rússia um “refúgio” para os seus ataques e bombardeamentos de cidades e infraestruturas ucranianas, logo “salvar vidas e reduzir a destruição na Ucrânia” e por fim “ajudar a fazer avançar os esforços de paz.” Borrell disse que o assunto iria ser discutido nas reuniões dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da UE, que se realizam na próxima semana em Bruxelas, com a presença de Kuleba.
Kiev recebeu mísseis aéreos e terrestres dos EUA, Reino Unido e França, que podem atingir até 320km de distância, mas as restrições à utilização destes mísseis no interior da Rússia mantêm-se. Em maio, perante uma segunda tentativa de invasão russa em Kharkiv, Emmanuel Macron anunciou que os mísseis franceses Scalp podiam ser usados em território russo, embora não haja notícia do seu uso. No entanto, a versão britânica (Storm Shadow) continua bloqueada.
Segundo fonte da Defesa britânica, em declarações ao The Telegraph, são os EUA que estão a impedir o seu uso -- Sabrina Singh, porta-voz do Departamento de Defesa, mostrou publicamente que Washington teme o avolumar da guerra. Ainda assim, há indicações de que os EUA estão a trabalhar para que os F-16 venham a receber o míssil JASSM, capaz de atingir alvos a mais de 300 km.