A defesa de Jair Bolsonaro contestou a delação que dá sustentação à acusação e negou qualquer envolvimento do seu cliente no plano de golpe de Estado e de execução de Lula da Silva e outras autoridades, no segundo dia do julgamento do ex-presidente e de mais sete réus na sede do Supremo Tribunal Federal (STF) que está a parar o Brasil. “O presidente, a quem estou representando, foi dragado para estes factos (...), ele não atentou contra o Estado democrático de direito e não há uma única prova. Esse papel, essa minuta [plano de golpe encontrado na casa do ex-ministro da Justiça], essa questão, esse depoimento, não há uma única prova que atrele o presidente ao Punhal Verde Amarelo [plano de execução de Lula], à Operação Luneta [plano de prisão dos juízes do STF] e ao 8 de Janeiro [vandalismo na Praça dos Três Poderes]”, disse Celso Vilardi, um advogado de Bolsonaro. “Aliás, nem o delator [o ajudante de ordens da presidência Mauro Cid] chegou a dizer que houve participação em Punhal, em Luneta, em Copa [uma parte do plano Punhal Verde Amarelo], em 8 de Janeiro”, prosseguiu Vilardi. Na sequência pediu “a absolvição” do seu cliente.A Paulo Bueno, outro advogado de Bolsonaro, coube concluir a sustentação oral da defesa. No final, comparou o caso de Alfred Dreyfus, oficial francês acusado de traição e condenado à prisão perpétua por espiar para a Alemanha no final do século XIX mas inocentado em 1906, episódio que inspirou obra de Émile Zola: “Dreyfus também era capitão de artilharia”, notou o jurista.À margem da sessão, no edifício ao lado, o Congresso Nacional, o PL, partido de Bolsonaro, vai coordenando a votação e aprovação de uma amnistia para os envolvidos no 8 de Janeiro, incluindo Bolsonaro. “Será para depois do julgamento”, disse Valdemar Costa Neto, presidente do partido, ao canal Globonews. Segundo ele, a oposição conta dispor de cerca de 300 votos num universo de 513. A investigação da Polícia Federal considera Bolsonaro como arquiteto e executor dos atos que levaram ao golpe de Estado por ter “plena consciência e participação ativa” nas ações do grupo. Já a Procuradoria-Geral da República afirmou, na acusação, que o ex-presidente liderou uma organização criminosa que lesou a ordem democrática com o objetivo de exercer “um projeto autoritário de poder”. Bolsonaro arrisca pena máxima de 43 anos e mínima de 12 com base em crime de golpe de Estado e mais quatro crimes. Se três dos cinco juízes da primeira turma do STF entenderem que Bolsonaro é culpado, o passo seguinte é decidir a dosimetria da pena. O julgamento continua dia 9 com os votos dos juízes..Bolsonaro sabe que será condenado, falta saber quando e por quanto tempo