Bolsonaro diz que venceu a "mentira" das sondagens
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou que venceu a "mentira" das sondagens que o colocavam apenas com 36% nas intenções de voto e Lula da Silva com a possibilidade de uma vitória na primeira volta.
"Vencemos a mentira hoje" do Datafolha, disse aos jornalistas no Palácio da Alvorada, referindo-se ao instituto de sondagens.
"Acho que se desmoralizou de vez os institutos de pesquisa. Datafolha estava a dar 51% a 30% e poucos, a diferença foi de 4%. Então, isso tudo ajuda a levar voto para o outro lado", sublinhou.
"Temos um segundo turno [volta] pela frente", frisou, acrescentando que o objetivo passa agora por procurar virar o estado de Minas Gerais, que perdeu por pouco para Lula, e diminuir a desvantagem para o estado da Bahia.
O foco agora, disse, passará por mostrar à população que os planos políticos de Lula da Silva "podem ser piores" e transformar o país "numa Venezuela".
"Entendo que há uma vontade de mudar. Mas há certas mudanças que podem virar para o pior. Tentámos mostrar esse outro lado, mas parece que não atingiu a camada mais importante", refletiu.
Bolsonaro evitou, contudo, falar sobre suspeitas de fraude eleitoral nas urnas eletrónicas, uma acusação insistente do candidato e atual chefe de Estado.
O partido do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, conseguiu eleger oito senadores dos 27 lugares que estavam em disputa na eleição de domingo e deverá iniciar 2023 com a maior bancada da câmara alta, o senado brasileiro.
Ao todo, o campo político aliado ao 'bolsonarismo' conseguiu eleger 18 senadores.
No domingo foi a votos um terço do senado.
Somente sete dos eleitos para o senado, segundo a imprensa local, são simpatizantes do campo político do ex-Presidente Lula da Silva.
Um dos mais proeminentes nomes é do antigo futebolista Romário, reeleito senador pelo Partido Liberal do Presidente brasileiro.
O antigo jogador ganhou mais de 2,3 milhões de votos (cerca de 29%) e representará o estado do Rio de Janeiro na câmara alta durante os próximos oito anos.
"Vou continuar a trabalhar, ainda mais do que tenho feito nos últimos 12 anos, para melhorar a qualidade de vida não só no Brasil, mas também para a população do meu estado. Estou muito feliz", disse Romário.
O ex-juiz Sergio Moro foi também eleito senador no Brasil no domingo com 33,57% de votos, num sufrágio em que mais de 156 milhões de brasileiros estavam aptos a votar.
Moro, conhecido por atuar como juiz de primeira instância na operação Lava Jato e condenar dezenas de políticos, entre eles o candidato e ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estava atrás do candidato Álvaro Dias nas sondagens, mas conseguiu a preferência dos eleitores no estado do Paraná, onde se candidatou.
Foram eleitos ainda o ex-astronauta e ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina e o ex-ministro do Desenvolvimento Rogério Marinho.
Os números das eleições são à imagem de um país do tamanho de um continente: além dos 11 candidatos presidenciais, concorreram ainda 224 a governador, 243 ao senado, 10.630 a deputado federal, 16.737 a deputado estadual e 610 a deputado distrital, nos 27 estados (contando com o Distrito Federal) no país.
Dos mais de 29 mil candidatos, 1.323 procuraram a reeleição.
O ex-presidente brasileiro Lula da Silva ganhou as eleições gerais de domingo sem garantir a eleição à primeira volta, mas mostrou-se confiante de que em 30 de outubro ganhará a segunda volta.
Com 99,68% das secções eleitorais apuradas, o candidato do Partido dos Trabalhadores, Luís Inácio Lula da Silva, tinha 48,35% dos votos, contra os 43,27% de Jair Bolsonaro.
Em terceiro lugar, mas com apenas 4,17% dos votos, ficou a candidata Simone Tebet, enquanto o candidato Ciro Gomes ficou foi o quarto mais votado, com 3,05%.
Soraya Tronicke (0,51% dos votos), Luís Felipe D'Ávila (0,47%), Padre Kelmon (0,07%), Leonardo Péricles (0,05%), Sofia Manzano (0,04%), Vera Lúcia (0,02%) e Eymael (0,01%) foram os restantes candidatos das eleições gerais de domingo.
Mais de 156 milhões de eleitores brasileiros foram hoje chamados às secções de voto nas 577.125 urnas eletrónicas espalhadas por 5.570 cidades do país.