Biden para o mundo: "A América vai liderar pela força do exemplo"
Joe Biden - que sucede a Donald Trump, após ter vencido o republicano nas eleições presidenciais de 03 de novembro - prestou juramento na escadaria oeste do Capitólio, numa cerimónia sob um forte dispositivo de segurança, após o violento ataque ao Congresso, na passada semana, por uma multidão de apoiantes de Donald Trump.
"É um novo dia para a América", escreveu Biden, 78 anos, três horas antes da posse como Presidente, na sua conta da rede social Twitter, momentos depois de ter assistido a uma cerimónia religiosa em Washington, acompanhado da mulher, Jill, e de Kamala Harris, que também tomou hoje posse como sua vice-Presidente.
Veja aqui o discurso completo:
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Faltavam alguns minutos para as 12:00 locais (17:00 em Lisboa) quando Biden colocou a mão sobre uma edição da bíblia de 1893, que a sua mulher segurou, para jurar defender a Constituição, perante o presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, e perante o olhar de Kamala Harris, que minutos antes tinha tomado posse como sua vice-Presidente.
"Este é o dia da América, Celebramos o triunfo de uma causa, a causa da democracia. A voz das pessoas foi ouvida. A democracia é preciosa é frágil. A democracia prevaleceu", começou por dizer Joe Biden.
"Apelo a todos os americanos a juntarem-se à minha causa", diz Biden, que apelou à unidade. "Parece uma fantasia tola nos dias de hoje", reconheceu, dizendo que a história dos Estados Unidos sempre teve conflitos, mas que sempre se conseguiu chegar à "unidade". "Não há paz sem unidade".
"Vamos voltar a mostrar respeito uns pelos outros. Todo e qualquer desentendimento não pode acabar em guerra. Temos de ser melhor do que isto." "Há muito para restaurar e curar, e muito para ganhar", sublinhou, lembrando que poucos presidentes chegaram à Casa Branca com tantos desafios. Biden lembrou que "morreram tantas pessoas" com a pandemia como militares norte-americanos na II Guerra Mundial.
O presidente dirigiu-se também aos cidadãos do resto do mundo e disse que "os Estados Unidos foram testados", mas que o país vai sair mais forte. "Vamos reparar as nossas alianças para liderar não só pelo exemplo da força mas pela força do exemplo."
A vice-presidente Kamala Harris apareceu com um vestido púrpura, que é a cor que resulta da conjugação de vermelho (cor do Partido Republicano) e azul (cor do Partido Democrata), dando o tom para uma cerimónia em que estavam presentes representantes das várias sensibilidades políticas.
No discurso inicial da cerimónia, Amy Klobuchar, a nova líder democrata no Senado, recordou o episódio do ataque ao Capitólio, no dia 06 de janeiro, dizendo que a democracia resiste a todas as investidas, dizendo que é também um exemplo de que a democracia não deve ser dada por garantida.
"Celebramos um novo Presidente que vai restaurar os valores da democracia", disse Klobuchar, sem esconder alguma emoção, referindo-se ainda a Kamala Harris, como primeira sul asiática na vice-presidência, como sinal de novos tempos de diversidade.
O senador republicano Roy Blunt, do Missouri, disse que é importante preservar as "liberdades conquistadas" e que as democracias "nunca estão terminadas", e que a tomada de posse de sucessivos presidentes mostra que as instituições são perecíveis.
"Este não é um momento de divisão, é um momento de unificação", disse Blunt, admitindo que, na tomada de posse do democrata Joe Biden, "há um partido mais satisfeito do que outro", mas que não é isso que deve diminuir o esforço de todos os legisladores.
Biden, um católico praticante, ouviu ainda uma oração proferida pelo padre Leo O'Donovan, um amigo de longa data do novo Presidente, que deu a bênção à nova equipa governamental, falando do que disse ser a "fé necessária" para ultrapassar os grandes desafios.
A cantora Lady Gaga interpretou o hino nacional, num espampanante vestido vermelho, com uma imagem dourada da pomba, símbolo de paz, antes de Biden subir ao pódio para prometer defender os Estados Unidos dos seus inimigos, internos e externos.
Ainda antes de Biden pronunciar o seu discurso inaugural como 46.º Presidente dos EUA, a cantora Jennifer Lopez cantou para a audiência da cerimónia, que antecede uma série de eventos festivos que se prolongam ao longo do dia e noite de hoje.