Militares da Guarda Nacional em trabalho de limpeza do furacão Helene em Saint Pete Beach, Florida, na terça-feira.
Militares da Guarda Nacional em trabalho de limpeza do furacão Helene em Saint Pete Beach, Florida, na terça-feira.Zack Wittman/The New York Times

Biden e Harris tentam lidar com impacto do furacão Milton na campanha

Casa Branca empenhada em mitigar os danos da tempestade num momento em que é acusada de má gestão em relação ao Helene por parte do candidato republicano. Biden denuncia “bombardeamento de mentiras” de Trump.
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O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos disse que o Milton, “um grande furacão extremamente perigoso” ia atingir a costa da Florida nas primeiras horas desta quinta-feira com “ventos devastadores” e que é uma ameaça em especial para as áreas de Tampa, Sarasota e Fort Myers. A poucas horas da chegada do furacão, o presidente Joe Biden e a vice Kamala Harris voltaram a pedir aos moradores -- seis milhões de pessoas --para darem ouvidos às autoridades estaduais e abandonarem a região. “Parece ser a tempestade do século”, disse Biden. “Sei que muitos de vós são duros e já passaram por furacões antes. Este vai ser diferente”, advertiu Harris. Uma preocupação redobrada tendo em conta o momento pré-eleitoral e as acusações do candidato republicano, Donald Trump sobre a tempestade Helene, que atingiu seis estados no dia 26 de setembro e causou 232 mortos. 

O momento é -- ou devia ser -- de tocar a reunir. Mas com a eleição presidencial à distância de menos de um mês, o ex-presidente tem atacado todos os dias a resposta da Casa Branca à tempestade Helene. “Não há ninguém que tenha lidado com um furacão ou uma tempestade pior do que o que eles estão a fazer agora”, disse Trump na semana passada em referência a Biden e Harris.

A campanha republicana tem presente que, em ano de eleições, uma resposta inadequada ao nível federal a um grande desastre natural pode custar a eleição ao candidato no poder. Aconteceu em 1992 a George Bush pai, quando o furacão Andrew devastou a costa sul da Florida e o governo federal demorou demasiado tempo a reagir. O seu filho, W. Bush, não foi confrontado nas urnas com os resultados da gestão do furacão Katrina, em 2005, porque já havia sido reeleito no ano anterior. Mas a destruição e as 1500 mortes em Nova Orleães foram uma mancha no currículo, a par da guerra no Iraque, como o próprio reconheceu no seu livro de memórias. 

Trump tem atacado Biden e Harris na ressaca do Helene: disse que o presidente não atendia os telefonemas do governador da Geórgia; alegou não existirem operações de resgate na Carolina do Norte; afirmou que quem perdeu a casa iria receber apenas 750 dólares; acusou a administração de desviar mil milhões de dólares da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA, na sigla em inglês) para os imigrantes sem documentos. Alegações falsas que levaram Biden a denunciar o “bombardeamento de mentiras” de Trump.

Até ao momento, Biden declarou 470 desastres, com fogos (168) e tempestades violentas à cabeça. Trump declarou 684 desastres.

Desde 1950, o presidente dos EUA tem o poder de declarar que determinada zona é alvo de um desastre -- natural, humano ou de infraestruturas --, o que permite desbloquear fundos e assistência, um trabalho coordenado pela FEMA a partir de 1979. Durante a sua presidência, Donald Trump visitou áreas atingidas por desastres, como Porto Rico depois do furacão Maria. No entanto, ficou para a história ter atirado rolos de papel de cozinha a porto-riquenhos num centro de distribuição de bens ao mesmo tempo que reteve a ajuda aprovada pelo Congresso durante dois anos. Mark Harvey, que trabalhou na equipa do Conselho de Segurança Nacional da administração Trump, contou ao site E&E News, que este não tinha “empatia para com os sobreviventes”, apenas “drama do desastre para parecer bem”.

Encontro em Ramstein adiado

“Penso que não posso estar fora do país neste momento”, disse Joe Biden ao justificar a decisão de adiar a sua viagem à Alemanha e a Angola devido ao furacão Milton. Em consequência, a reunião anunciada para sábado, em Berlim, com o chanceler Olaf Scholz, o presidente Emmanuel Macron e o primeiro-ministro Keir Starmer ficou sem efeito. Biden iria também presidir à reunião do grupo de contacto de ajuda à Ucrânia, na base aérea de Ramstein. O encontro da aliança informal de mais de 50 países, e na qual também iria participar o líder ucraniano, foi adiado sine die.

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