Avanços no estudo das proteínas. Nobel da Química atribuído a David Baker, Demis Hassabis e John M. Jumper
David Baker, pelo “design computacional de proteínas”, Demis Hassabis e John M. Jumper, pela “previsão da estrutura de proteínas”, são os vencedores do prémio Nobel da Química 2024, revelou esta quarta-feira a Real Academia Sueca de Ciências.
"O Prémio Nobel da Química 2024 é sobre proteínas, as engenhosas ferramentas químicas da vida. David Baker conseguiu a proeza quase impossível de construir tipos de proteínas totalmente novos. Demis Hassabis e John Jumper desenvolveram um modelo de IA para resolver um problema com 50 anos: prever as estruturas complexas das proteínas. Estas descobertas encerram um enorme potencial", refere a Real Academia Sueca de Ciências, em comunicado.
De acordo com o Comité do Prémio Nobel, que atribui os galardões, o premiado David Baker criou em 2023 a primeira proteína "totalmente diferente de todas as existentes", algo descrito como "um desenvolvimento extraordinário".
A proteína, Top7, criada pelo professor da Universidade de Washington, em Seattle (Estados Unidos), tem uma "estrutura única que não existia na natureza", possuindo 93 aminoácidos (unidades formadoras de proteínas), sendo maior "do que qualquer outra produzida anteriormente".
David Baker também lançou um código para o 'software' de computador Rosetta, que tem sido desenvolvido pela comunidade de investigação, encontrando novas áreas de aplicação.
O grupo de investigação do cientista norte-americano produziu uma criação de proteínas, incluindo proteínas que podem ser usadas como produtos farmacêuticos, vacinas, nanomateriais e pequenos sensores.
A outra metade do prémio, "pela previsão da estrutura de proteínas", com a ajuda da inteligência artificial, foi entregue a Demis Hassabis e John M. Jumper em conjunto.
Os galardoados Demis Hassabis e John M. Jumper utilizaram a Inteligência Artificial (IA) para prever a estrutura de quase todas as proteínas conhecidas.
Em 2020, os cientistas agora premiados apresentaram um modelo de IA intitulado AlphaFold2.
Com o AlphaFold2, o britânico Demis Hassabis e o norte-americano John M. Jumper conseguiram prever a estrutura de praticamente todas as 200 milhões de proteínas já identificadas.
Desde a sua apresentação, este modelo de IA já foi usado por mais de dois milhões de pessoas de 190 países.
Os investigadores podem agora entender melhor a resistência a antibióticos e criar imagens de enzimas que podem decompor o plástico.
"Uma das descobertas reconhecidas este ano diz respeito à construção de proteínas espetaculares. A outra tem que ver com a realização de um sonho com 50 anos: prever as estruturas das proteínas a partir das suas sequências de aminoácidos. Ambas as descobertas abrem vastas possibilidades", acrescentou o presidente do Comité Nobel da Química, Heiner Linke.
Em 2023, o prémio foi atribuído aos cientistas Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexei Ekimov, pela descoberta de pontos quânticos, fundamentais para a nanotecnologia pela descoberta e síntese de pontos quânticos.
Na terça-feira foi atribuído o prémio Nobel da Física a John J. Hopfield e Geoffrey E. Hinton. Já na segunda-feira foi revelado que Victor Ambros e Gary Ruvkun venceram o Nobel da Medicina.
Falta ainda conhecer o prémio Nobel da Literatura (quinta-feira) e o da Paz (sexta-feira).
No próximo dia 14 será conhecido o prémio Nobel de Ciências Económicas.
Os vencedores da edição deste ano dos prémios Nobel vão receber 11 milhões de coroas suecas (cerca de 968 mil euros, no câmbio atual). O galardão pode ser atribuído a um máximo de três laureados que partilham o montante do prémio.
Os prémios Nobel, criados em 1895 pelo químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel (inventor da dinamite), foram atribuídos pela primeira vez em 1901.
Com Lusa