Atriz espanhola de 68 anos volta a ser mãe e causa indignação

Ana Obregón recorreu a uma barriga de aluguer nos Estados Unidos e foi duramente criticada pelo governo espanhol

"Nunca mais vou ficar sozinha. Voltei a viver". A expressão de felicidade de uma mãe com uma filha recém-nascida nos braços deu à luz um debate bioético e político que está a agitar Espanha. A mãe em causa é Ana Obregón, pouplar atriz e apresentadora espanhola. A polémica está na sua idade, 68 anos, e na forma escolhida para voltar a ser mãe: através de uma barriga de aluguer.

Obregón, que em 2020 perdera o seu único filho até então, Álex, vítima de um cancro aos 27 anos, recorreu a uma barriga de aluguer em Miami para voltar a ser mãe. Na noite de terça-feira, a revista Hola antecipava a sua capa com a notícia - bombástica, como veio a comprovar-se -, acompanhada de uma foto da atriz a sair da clínica com uma recém-nascida nos braços.

Conforme explica a reportagem que acompanha a fotografia, Ana Obregón viajou para a cidade norte-americana buscar há poucos dias e passou quatro dias sozinha à espera do parto. Foi lá que, dia 18, completou o seu 68.º aniversário. No dia 20 a menina nasceu e dois dias depois a atriz espanhola saiu com a bebé nos braços. Tal como a apresentadora, a criança chama-se Ana, acrescenta a revista.

A notícia da felicidade de Ana Obregón não foi, no entanto, recebida com mensagens de parabéns em Espanha. E as críticas chegaram até do mais alto nível, diretamente do Governo espanhol.

O executivo de Pedro Sánchez criticou duramente a gestação por barriga de aluguer. "É uma prática que não é legal em Espanha e que é reconhecida legalmente no nosso país como uma forma de violência contra as mulheres", afirmou a ministra da Igualdade, Irene Montero, do partido de esquerda Podemos.

Montero pediu que não seja esquecida "a realidade dessas mulheres precárias em situação de risco de pobreza", referindo-se às mulheres que engravidam para outras pessoas.

"A imagem pareceu-me terrível", criticou também Pilar Alegría, ministra da Educação e porta-voz do Partido Socialista do presidente do governo, Pedro Sánchez.

A oposição de direita, por sua vez, mostrou-se mais aberta ao debate. O assunto "merece debates profundos e serenos, porque afeta muitas questões morais, éticas e religiosas", disse Cuca Gamarra, número dois do Partido Popular (PP), que é a favor da barriga de aluguer, desde que não seja paga.

A gestação de substituição, como também é chamada a prática, seja remunerada ou altruísta, é ilegal em Espanha desde 2006.

No entanto, a legislação espanhola permite o registo civil dos filhos nascidos dessa forma no exterior desde que seja apresentada "uma decisão judicial emitida por um tribunal competente" do país em questão que estabeleça a filiação.

A gestação de substituição foi incluída entre as "manifestações da violência contra as mulheres" numa lei sobre o aborto aprovada em fevereiro, que também proíbe qualquer "publicidade das agências intermediadoras".

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