Ativistas pelo clima interrompem peça protagonizada por Sigourney Weaver em Londres
"Mais de 1,5 graus é um naufrágio global", lia-se no cartaz que dois ativistas da Just Stop Oil exibiram no palco do West End, em Londres, quando interromperam, na segunda-feira, a peça de teatro "The Tempest", de William Shakespeare, protagonizada por Sigourney Weaver.
Os dois ativistas tiveram tempo para espalhar confetis antes de serem encaminhados para fora do palco do Theatre Royal, em Drury Lane, na cidade londrina.
"Vamos ter de parar o espetáculo, senhoras e senhores, desculpem", ouviu-se no sala de espetáculos. A ação de protesto aconteceu quando a atriz norte-americana, de 75 anos, estava sentada no palco, em plena atuação. Numa primeira reação, Sigourney Weaver ficou pasmada a olhar para a ação dos dois ativistas, acabando por sair de cena, assim como o outro ator que estava em palco.
Da plateia ouviram-se reações diferentes ao protesto pelo clima que levou à interrupção do espetáculo, entre aplausos e vaias.
Os ativistas, identificados como Hayley Walsh e Richard Weir, segundo o The Guardian, protestaram contra o aquecimento global, fazendo referência ao facto de 2024 ter sido o ano mais quente desde que há registos, tendo ultrapassado pela primeira vez os 1,5°C (graus celsius) acima do nível pré-industrial.
“Tenho medo pelos meus filhos, não posso fazê-los sonâmbulos em direção a um futuro de escassez de alimentos, tempestades com risco de vida e guerras por recursos", disse Walsh, de 42 anos, professor de Nottingham, citado pelo jornal.
Para este ativista, ”1,5 graus é um naufrágio global que não podemos ignorar", referindo-se, por exemplo, aos incêndios florestais na Califórnia, às inundações mortais em Valência e às "centenas de milhares de pessoas" que ficaram "sem eletricidade no Reino Unido este fim de semana", devido ao agravamento do estado do tempo. "Não se trata de um problema distante, do futuro. Precisamos de um tratado global para acabar com a queima de combustíveis fósseis e de uma resposta global de emergência”, defendeu.
Já o outro ativista, Richard Weir, 60 anos, de Tynemouth, que trabalhou nos estaleiros navais de Tyneside, lamentou a inação dos políticos para travar o aquecimento global. “Já estamos a ver os danos que esta crise [climática] está a causar às culturas, às casas e a bairros inteiros. A menos que nos unamos e exijamos o abandono dos combustíveis fósseis até 2030, seguiremos o mesmo caminho que a indústria no Reino Unido”, afirmou, em tom de aviso, o ativista.
Este protesto dos ativistas da Just Stop Oil é apenas um dos muitos que esta organização tem realizado nos últimos anos e que já visaram, por exemplo o famoso sítio pré-histórico de Stonehenge, que foi pulverizado com tinta, em junho do ano passado.
Já no início deste mês de janeiro, duas mulheres foram detidas depois de terem pintado com spray o túmulo do naturalista Charles Darwin na Abadia de Westminster, recorda a BBC.