O cenário de destruição dentro da igreja ortodoxa Mar Elias, nos arredores de Damasco.
O cenário de destruição dentro da igreja ortodoxa Mar Elias, nos arredores de Damasco.EPA/MOHAMMED AL RIFAI

Atentado suicida faz 25 mortos numa igreja de Damasco. Governo sírio culpa o Estado Islâmico

Atacante disparou contra os fiéis durante a missa antes de acionar o colete de explosivos. Há ainda mais de 60 feridos.
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Pelo menos 25 pessoas morreram e mais de 60 ficaram feridas num atentado suicida contra uma igreja ortodoxa nos arredores de Damasco. As autoridades sírias apontam o dedo ao Estado Islâmico.

"Este crime hediondo, que teve como alvo pessoas inocentes no seu local de culto, lembra-nos da importância da solidariedade e unidade – entre governo e o povo – na resposta a tudo o que ameaça a nossa segurança e estabilidade", disse em comunicado o presidente sírio, Ahmed al-Sharaa.

O ataque contra a igreja Mar Elias, que ocorreu durante a missa, não foi ainda reivindicado por ninguém. Mas o Ministério do Interior da Síria disse que foi um combatentes do Estado Islâmico que entrou na igreja e disparou contra os fiéis antes de detonar o seu colete de explosivos. Outras fontes falam em pelo menos dois atacantes.

Os correspondentes da AFP viram equipas de socorristas a tirar os fiéis da igreja, coberta de destroços de madeira e de ícones religiosos cheios de sangue. Segundo uma testemunha, os fiéis tentaram travar o atacante, depois de este ter começado a disparar, até que este acabou por acionar os explosivos.

Segundo a Reuters, este foi o primeiro atentado suicida em Damasco desde que, em dezembro, o regime de Bashar al-Assad foi derrubado pelos rebeldes islamitas liderados por Ahmed al-Sharaa, que assumiu a presidência do país e prometeu proteger as minorias do país.

As fontes da agência de notícias indicam que o Estado Islâmico está por detrás de várias tentativas de ataques contra igrejas desde a queda de Assad, mas este foi o primeiro a ter sucesso.

A segurança continua a ser um desafio para Al-Sharaa, que tem procurado voltar a abrir a Síria ao mundo – conseguindo a suspensão das sanções europeias e norte-americanas que existiam ao anterior regime.

O enviado dos EUA para a Síria, Tom Barrack, denunciou um "ato de cobardia" que não tem lugar "na nova sociedade de tolerância e inclusão que os sírios estão a construir", enquanto os turcos, próximos das novas autoridades, denunciaram um "ataque traiçoeiro" que visa "semear o caos".

O Estado Islâmico assumiu o controlo de parte do território sírio no início da guerra civil, que rebentou em 2011 após a repressão sangrenta de protestos pacíficos contra o regime de Assad. Em 2014, o grupo sunita declarou a criação do "califado", com território que incluía também parte do Iraque.

As forças curdas sírias, apoiadas pelos EUA, derrotaram o Estado Islâmico, mas este manteve a sua presença no território. No final de maio, reivindicaram o primeiro ataque contra as novas forças governamentais sírias.

O novo governo inclui militantes do antigo grupo de Al-Sharaa, que há uma década quebrou os laços que tinha com a Al-Qaeda (rival do Estado Islâmico).

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