Ataques israelitas contra a Faixa de Gaza matam mais 43 pessoas. "A situação é catastrófica"
EPA/HAITHAM IMAD

Ataques israelitas contra a Faixa de Gaza matam mais 43 pessoas. "A situação é catastrófica"

Diretor do Hospital Indonésio afirmou que "o norte de Gaza teve uma noite difícil". "A região está a enfrentar um genocídio", afirmou o médico.
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A ofensiva israelita na Faixa de Gaza, retomada na terça-feira após um cessar-fogo de dois meses, matou pelo menos mais 43 pessoas e feriu outras 82 durante a noite, avançou esta sexta-feira a imprensa palestiniana.

De acordo com o jornal Filastin, ligado ao movimento islamita palestiniano Hamas, o diretor do Hospital Indonésio afirmou que "o norte de Gaza teve uma noite difícil".

Marwan Sultan recordou que Israel "destruiu máquinas de oxigénio e outros equipamentos necessários" para o tratamento médico dos feridos.

"Estamos a enfrentar dificuldades para responder às necessidades do enorme número de feridos. A situação em Gaza é catastrófica, e a região está a enfrentar um genocídio", acrescentou o médico.

O jornal avançou que também ocorreram ataques contra as cidades de Rafah e Khan Yunis, ambas no sul da Faixa de Gaza, e contra o campo de refugiados de Al-Bureij, no centro.

Os ataques israelitas tinham causado a morte de pelo menos 591 palestinianos e ferido 1.042 nas últimas 72 horas, indicou na quinta-feira à noite o Governo da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas.

"Desde a madrugada de terça-feira até agora, o Exército de ocupação israelita cometeu dezenas de massacres em diversas zonas da Faixa de Gaza, através de violentos bombardeamentos aéreos direcionados, e sem aviso prévio, contra habitações de civis. Isto causou a morte de 591 palestinianos e ferimentos em outros 1.042 que conseguiram chegar aos hospitais", referiu o Governo num comunicado.

Na nota, o Governo de Gaza recorda ainda que a percentagem de crianças, mulheres e idosos mortos ultrapassou os 70% do total de mortes durante este período, razão pela qual considera que Israel "continua a atingir diretamente civis como parte de um crime sistemático de genocídio".

"Esta agressão brutal reflete a intenção premeditada da ocupação de completar o genocídio do nosso povo na Faixa de Gaza, com o apoio dos Estados Unidos e um vergonhoso silêncio internacional", acrescenta no texto.

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Por outro lado, o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, ordenou na quinta-feira às suas tropas, após uma reunião com altos responsáveis da Defesa, que "continuem a intensificar as operações em Gaza", onde "a pressão militar está já a afetar as posições do Hamas".

Também na quinta-feira, o presidente israelita, Isaac Herzog, manifestou-se "profundamente perturbado" com o recomeço dos ataques na Faixa de Gaza e consequências destes no regresso dos reféns ali mantidos pelo Hamas, desafiando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

"É impensável retomar os combates enquanto se prossegue a missão sagrada de repatriar os nossos reféns", acrescentou o chefe de Estado, cargo a que não competem poderes, mas que é geralmente respeitado.

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Aprovada demissão do diretor do Serviço de Segurança Interna (Shin Bet)

Apesar dos protestos, o Governo israelita aprovou, em reunião do conselho de ministros, a proposta do primeiro-ministro israelita para demitir Ronen Bar, diretor do Serviço de Segurança Interna (Shin Bet). A demissão torna-se efetiva a partir de 10 de abril.

De acordo com a Reuters, Ronen Bar fez saber, numa carta enviada aos ministros, que o processo da sua demissão não obedeceu às regras, tendo sido baseado em alegações infundadas.

Antes de ser aprovada a demissão de Bar, israelitas protestaram em Jerusalém, com a polícia disparar canhões de água, tendo efetuado várias detenções.

A oposição israelita e uma organização não-governamental anunciaram esta sexta-feira que apresentaram junto do Supremo Tribunal de Israel um recurso contra a demissão do diretor do Shin Bet.

O Movimento por um Governo de Qualidade denunciou em comunicado uma "decisão ilegal [...] que representa um risco real para a segurança nacional".

O partido de centro-direita Yesh Atid, do líder da oposição Yair Lapid, anunciou que tinha apresentado um recurso em nome de vários movimentos da oposição e denunciou uma "decisão tomada devido a um flagrante conflito de interesses do primeiro-ministro, com base em considerações estrangeiras".

A demissão surgiu após o Shin Bet receber instruções do Ministério Público israelita para investigar alegadas ligações de funcionários do gabinete do primeiro-ministro ao Qatar, um caso conhecido como "Qatargate".

Netanyahu defendeu que a decisão de despedir Bar foi tomada depois de ter perdido a confiança no diretor do Shin Bet, e acusou a procuradora-geral Gali Baharav-Miara, de "traição perigosa" e "tentativa de usurpar o Governo" após esta posicionar-se contra a legalidade desta demissão pelo Governo.

Esta é a primeira vez na história israelita que um Governo despede o líder do Shin Bet.

De acordo com a imprensa israelita, que cita um comunicado gabinete do primeiro-ministro, a decisão de demitir Bar foi aprovada por unanimidade.

A procuradora-geral Gali Baharav-Miara compareceu na reunião do Governo, enquanto Bar não esteve presente.

Bar respondeu esta semana à vontade de Netanyahu de o demitir, através de uma declaração na qual sublinhou que "o dever de confiança do diretor do Shin Bet é, antes de mais, para com os cidadãos de Israel".

"A expectativa de lealdade pessoal do primeiro-ministro é fundamentalmente errónea e diretamente contrária à lei do Shin Bet", adiantou.

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