Ataque à Fatah para travar influência iraniana
Um dirigente das Brigadas dos Mártires de al-Aqsa, grupo terrorista considerado o braço armado do movimento palestiniano Fatah, foi morto num ataque coordenado pelas forças armadas israelitas e pelo serviço de segurança Shin Bet em Sídon, no sul do Líbano. O assassínio aconteceu no mesmo dia em que o Irão disse não ter pressa para retaliar contra Israel, até para não pôr em risco a hipótese de cessar-fogo em Gaza. Também sobre o possível acordo de compromisso, o presidente norte-americano falou com o primeiro-ministro israelita após uma viagem do seu secretário de Estado à região.
A Fatah confirmou que Khalil Maqdah morreu quando viajava de automóvel perto de Sídon. Numa declaração conjunta, as forças armadas israelitas e o Shin Bet alegaram que Khalil e o seu irmão Munir (chefe das Brigadas no Líbano) têm trabalhado com os Guardas da Revolução iranianos para transferir dinheiro e armas para células terroristas na Cisjordânia. Em março, o Shin Bet apontou o dedo a Munir Maqdah ao revelar ter impedido a tentativa do Irão de contrabandear armas avançadas para a Cisjordânia.
A Fatah, liderada pelo presidente da Autoridade Palestiniana Mahmud Abbas, criticou a iniciativa das forças israelitas. “O assassínio de um oficial da Fatah é mais uma prova de que Israel quer desencadear uma guerra em grande escala na região”, disse Tawfiq Tirawy, membro do comité central da Fatah, à AFP. Este ataque é o primeiro a um membro ligado àquele movimento palestiniano desde 7 de outubro e dos confrontos diários entre o exército israelita e o Hezbollah, no sul do Líbano.
O grupo xiita lançou mais de 50 foguetes contra a cidade de Katzrin, nos Montes Golã ocupados por Israel, tendo causado ferimentos ligeiros num homem e danos em habitações. O ataque ocorreu em resposta a uma série de ataques aéreos israelitas no Líbano que visaram paióis do Hezbollah.
Com a viagem do secretário de Estado Antony Blinken a Israel, Egito e Qatar terminada sem um calar das armas, Joe Biden telefonou a Benjamin Netanyahu para discutirem “o acordo de cessar-fogo e de libertação de reféns e os esforços diplomáticos para diminuir as tensões regionais”, afirmou a Casa Branca em comunicado.
À Associated Press, fontes diplomáticas egípcias mostraram ceticismo sobre a proposta de compromisso levada à mesa. Ainda assim, o Irão - apoiante do Hamas -, que tem vindo a alertar para a inevitável represália para “punir” Israel após o assassínio do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, quando este se encontrava em Teerão, defende que o ataque “deve ser cuidadosamente calibrado para evitar qualquer possível impacto adverso que possa influenciar um cessar-fogo em perspetiva”, disse a missão do Irão nas Nações Unidas.
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