Assessor de Presidente da Ucrânia escapa a atentado
Próximo de Zelensky saiu incólume, mas motorista ficou em estado grave. Kiev aponta para oligarcas ou russos.
No mesmo dia em que militares da Ucrânia e de mais 14 países iniciaram exercícios sem fogo real junto da ocupada Crimeia, na fronteira de facto com a Rússia, o automóvel do homem mais próximo do presidente foi crivado de balas. Sergei Shefir saiu incólume da "tentativa de assassínio" denunciada por Kiev, mas o seu motorista ficou em estado grave. Enquanto uns apontam para os oligarcas, outros suspeitam dos russos.
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"É uma fraqueza enviar-me uma mensagem com tiros disparados da floresta para o carro do meu amigo", comentou o presidente Zelensky.
O ataque com 18 balas, das quais 10 atingiram o automóvel, teve lugar num troço de estrada florestal nos arredores da capital. Em conferência de imprensa, o ministro do Interior Denys Monastyrsky disse que os tiros eram para parar o carro e caso tal tivesse acontecido "as consequências teriam sido inequivocamente trágicas".

O estado em que ficou o carro em que seguia o assessor do presidente ucraniano.
© AFP/MINISTÉRIO DO INTERIOR DA UCRÂNIA
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O motorista de Shefir foi baleado três vezes, mas foi hospitalizado e sobreviveu. "Ele estava em grande sofrimento", disse Shefir na mesma conferência de imprensa. "Foi é um ato heroico. No início, em choque, tentou parar, mas penso que se tivéssemos parado, então não estaríamos a falar agora. Eu disse: "Conduz", e nós partimos."
Shefir, de 57 anos, é muito próximo do presidente Volodymyr Zelensky e inclusive vizinhos. Nascidos na mesma região industrial do sudeste (Kryvyi Rih), em conjunto com o seu irmão e Zelensky fundaram em 2003 a Kvartal 95, uma empresa de produção televisiva que criou vários programas populares e impulsionou o comediante Zelensky à fama nacional. Na última produção de Shefir, Zelensky fez o papel de um professor que foi eleito presidente da Ucrânia.
Zelensky, que estava em Nova Iorque na altura do ataque, anunciou que regressaria a Kiev no próprio dia, depois de discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas. "Falando francamente, não sei quem está por detrás disto, por enquanto, que tipo de forças estão talvez envolvidas nisto, internas ou externas. Mas não as considero forças, porque é uma fraqueza enviar-me uma mensagem com tiros disparados da floresta para o carro do meu amigo", comentou. "[O ataque] não afeta a força da nossa equipa, o rumo que escolhi com a minha equipa: mudar, limpar a economia, combater o crime e os grupos financeiros influentes."
O comandante da Polícia Nacional Ihor Klymenko disse que as autoridades estava a seguir três linhas de investigação: ataque devido às suas funções estatais, tentativa de exercer pressão sobre a liderança, ou tentativa de desestabilização política. "Entre outras coisas, o envolvimento de serviços especiais estrangeiros está sob escrutínio", disse Shefir.
Outro conselheiro de Zelensky, Mykhailo Podolyak, disse que o ataque pode ter sido concebido devido à tentativa de limitar o poder dos oligarcas. "Esta política visa reduzir a influência tradicional dos oligarcas nos processos sociais e destruir os grupos políticos e financeiros que servem abertamente os nossos opositores estrangeiros." O líder do partido de Zelensky foi mais explícito: "Um rasto russo não deve ser descartado em absoluto. Sabemos da sua capacidade de organizar ataques terroristas em diferentes países", disse Oleksandr Kornienko.
cesar.avo@dn.pt