Obama esteve com Biden numa angariação de fundos há cerca de um mês.
Obama esteve com Biden numa angariação de fundos há cerca de um mês.Mandel NGAN / AFP

Após diagnóstico de covid, cerco a Biden para desistir volta a apertar

Obama acredita que o presidente “precisa seriamente de considerar a viabilidade da sua candidatura”, enquanto Pelosi acha que poderá prejudicar as hipóteses de conquistar a Câmara dos Representantes.
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Joe Biden encontra-se em isolamento na sua casa de praia em Rehoboth Beach, no Delaware, depois de ter testado positivo ao covid-19 na quarta-feira, mas também está cada vez mais isolado politicamente pois os apelos dos seus aliados para que desista da corrida à Casa Branca subiram de tom depois do seu diagnóstico.

O mais recente apelo, e com maior impacto, veio de Barack Obama que, segundo avançou ontem o The Washington Post, terá dito de forma privada a vários aliados nos últimos dias que Biden “precisa seriamente considerar a viabilidade da sua candidatura”. De acordo com o mesmo jornal, o antigo presidente acha que só Biden pode tomar essa decisão e afastou a ideia de que ele sozinho poderá influenciar o líder democrata.

Paralelamente, prossegue o Post, Obama tem encetado nos bastidores conversações sobre a campanha de Joe Biden e os desafios de ser presidente, nomeadamente com democratas mais ansiosos, como a antiga líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi. 

Pelosi, precisamente, aumentou os problemas de Biden ao dizer, em particular, ao presidente que ele não consegue vencer Donald Trump e pode prejudicar as hipóteses dos democratas de reconquistar a câmara baixa do Congresso, segundo noticiou a ontem CNN. Também o congressista Adam Schiff, outro democrata influente no Congresso e que ganhou projeção ao liderar o julgamento do primeiro impeachment de Donald Trump, juntou-se às vozes que se opõem à candidatura de Joe Biden. “Uma segunda presidência de Trump minaria os próprios fundamentos da nossa democracia, e tenho sérias preocupações sobre a capacidade do presidente de derrotar Donald Trump em novembro”, afirmou.

Os principais democratas no Congresso - o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e o líder da minoria na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries - terão estado reunidos com Biden nos últimos dias para alertar que a sua candidatura ameaça as perspetivas do partido nas eleições de novembro. O porta-voz da Casa Branca, comentou o encontro, referindo que o “presidente disse aos dois líderes que é o nomeado do partido e que planeia vencer”.

Falando sobre o estado de saúde do presidente, Andrew Bates adiantou que Biden apresentava sintomas leves, incluindo corrimento nasal e tosse, e que “desempenharia todas as funções do cargo enquanto estivesse isolado”. 

Várias figuras do partido foram citadas anonimamente pelo site de notícias Axios, dizendo acreditar que a pressão que está a ser feita poderá levar Biden a desistir já este fim de semana. No entanto, a campanha do presidente já garantiu que “ele vai ficar na corrida”. “A nossa campanha não está a funcionar em nenhum cenário em que o presidente Biden não seja o principal candidato - ele é e será o candidato democrata”, referiu o vice-presidente da campanha, Quentin Fulks.

Já na convenção republicana o ambiente é de união em torno de Donald Trump e J. D. Vance, que na quarta-feira à noite discursou pela primeira vez desde que foi anunciado como candidato a vice-presidente, oferecendo um relato de como cresceu pobre no Ohio, estado pelo qual é senador, sem um pai em casa e uma mãe toxicodependente. 

Vance, de 39 anos e um antigo crítico de Trump que entretanto se converteu ao ex-presidente, apelou aos eleitores a “escolherem um novo caminho” ao aceitar a sua nomeação, dizendo à multidão: “As pessoas que governam este país falharam e falharam novamente”. Comprometeu-se ainda a defender os interessantes de quem trabalha. “Basta, senhoras e senhores, de atender Wall Street. Vamos comprometermo-nos com os trabalhadores”. 

No seu discurso abordou também o comércio, a política externa e a epidemia de drogas - e as políticas de Trump para enfrentá-los - mas dedicou grande parte do tempo às suas próprias experiências. Recordou a sua experiência como antigo fuzileiro naval, tornando-o no primeiro veterano numa candidatura de topo desde que o republicano John McCain concorreu à presidência em 2008.

ana.meireles@dn.pt

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