Internacional
21 março 2023 às 17h46

Putin diz que proposta de paz da China pode resolver guerra. Xi reafirma imparcialidade

Xi Jinping diz que China está do lado certo da história ao aderir a uma posição imparcial. Cooperação comercial e económica enfatizada pelos dois líderes.

DN

Vladimir Putin admitiu esta terça-feira durante a conferência de imprensa conjunta com Xi Jinping que a proposta de paz apresentada pela China pode resolver a guerra na Ucrânia.

"Muitas das propostas do plano de paz chinês podem ser aceites como base para resolver o conflito na Ucrânia, desde que o Ocidente e Kiev estejam preparados para isso", afirmou o presidente russo.

Já o líder chinês reafirmou a imparcialidade do seu país, reiterando que a China é pela paz. "Gostaria de enfatizar que somos constantemente guiados pela carta da ONU, aderindo a uma posição imparcial. Somos pela paz e pelo diálogo", afirmou Xi Jinping, que diz que a China está do lado certo da história, numa aparente crítica ao Ocidente por fornecer armas à Ucrânia.

Os dois líderes destacaram ainda a cooperação comercial e económica entre os dois países. "A China é o principal parceiro comercial da Rússia", realçou Putin, prometendo manter e superar o "alto nível" das trocas comerciais alcançadas no ano passado.

O presidente russo diz que a Rússia e China vão desenvolver lanços nas áreas de finanças, transporte, logística e energia, sublinhando que a China lidera agora nas importações de petróleo russo e que as importações de gás também estão a crescer.

Já Xi Jinping mostrou-se "muito feliz" por estar em Moscovo por Putin e agradeceu a "hospitalidade" e "calorosas boas-vindas" e garantiu que os dois líderes se apoiam há mais de dez anos e continuarão a fazê-lo, sublinhando as conversas "francas, abertas e amigáveis" entre ambos.

"Os laços entre China e Rússia foram muito além das comunicações bilaterais", afirmou Xi, que diz que os dois países se vão focar no crescimento de três áreas comerciais: energia, matéria-prima e eletrónica.

O líder do Kremlin diz que os dois países estão a "continuar a desenvolver o uso pacífico da energia nuclear" e que a "Rússia está a ajudar a construir centrais nucleares na China".

China e Rússia concordaram também que nunca deverá acontecer uma guerra nuclear. "Não podem haver vencedores numa guerra nuclear. Uma guerra nuclear nunca poderá ser desencadeada", indica uma declaração assinada pelos dois presidentes.

Ainda sobre a temática nuclear, Putin garantiu que a Rússia será forçada a reagir caso o Reino Unido forneça munições com urânio empobrecido à Ucrânia, algo admitido pelo Ministério da Defesa britânico.

"Soubemos hoje que o Reino Unido (...) anunciou não apenas a entrega de tanques à Ucrânia, mas igualmente obuses que contêm urânio empobrecido (...). Se isso acontecer, a Rússia será forçada a responder", declarou o presidente russo.

Outro país que foi tema de conversa foram os Estados Unidos. Rússia e China acusam os EUA de "minar" a segurança social, de acordo com uma declaração assinada pelos dois presidentes: "As duas partes pedem aos Estados Estados Unidos que parem de minar a segurança internacional e regional e a estabilidade estratégica global para garantir a sua vantagem militar unilateral".

Por outro lado, Rússia e China também visaram a NATO, expressando "preocupação" com a crescente presença da aliança na Ásia. "As partes expressam grande preocupação com o fortalecimento contínuo dos laços da NATO com os países da região da Ásia-Pacífico em questões militares e de segurança", disseram os dois países numa declaração conjunta.

China e Rússia chegaram a um acordo para construir o gigante oleoduto Força da Sibéria 2, que levará gás da região siberiana para o noroeste da China, anunciou esta terça-feira o presidente russo, Vladimir Putin, depois de se reunir com o homólogo chinês, Xi Jinping.

"Todos os acordos foram fechados", disse Putin no Kremlin, especificando que, quando entrar em serviço, este gasoduto poderá encaminhar "50 mil milhões de metros cúbicos de gás" para o gigante asiático.