"Enquanto o povo da Ucrânia, incluindo a sua grande comunidade judaica, sangra até à morte sob o ataque dos mísseis russos e dos 'drones' iranianos, os líderes israelitas [...] forjam ativamente relações com a Federação Russa. Na realidade, no terreno, a chamada 'neutralidade' do Governo israelita é considerada uma clara posição pró-russa", indicou a representação diplomática ucraniana num comunicado..Estas declarações surgem menos de uma semana depois de a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, ter estado de visita a Israel para se reunir com o Presidente, Isaac Herzog, e abordar questões humanitárias..Desde o início da ocupação russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, Israel defendeu a soberania e a integridade territorial da Ucrânia e forneceu ajuda humanitária ao país, mas não enviou armamento ofensivo -- como repetidamente pediu o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky --, embora tenha alertado Kiev de que a Rússia estava a utilizar armamento iraniano para atacar o país..Israel está a tentar evitar atritos com Moscovo, aliada estratégica no conflito na Síria, onde a Rússia apoia o Governo sírio do Presidente Bashar al-Assad e permite às forças israelitas realizar ataques a posições de milícias do Irão ou aliadas de Teerão, o principal inimigo do Estado hebraico na região do Médio Oriente..Netanyahu procurou "justificar a total inação de Israel para fornecer ajuda defensiva à Ucrânia durante o último ano e meio", lamentou a embaixada ucraniana.."Inicialmente, os argumentos centraram-se nas relações especiais de Israel com a Rússia na Síria e a frágil situação da população judaica na Federação Russa", mas ultimamente "foram apresentadas suposições completamente fictícias e especulativas" relacionadas com a alegada "transferência de armamento ocidental do campo de batalha ucraniano para os regimes sírio e iraniano", precisou..Em 16 de junho, a Rússia anunciou que abrirá em Jerusalém uma extensão da atual embaixada em Telavive, assegurando que o terreno para a nova sede, situado numa zona central e exclusiva, foi adquirido pelo Governo russo em 1885..Israel classificou o anúncio como uma "conquista política", considerando que Jerusalém é a sua capital "eterna e indivisível"..A ONU não reconhece esta interpretação, porque, no contexto do conflito israelo-palestiniano, os palestinianos esperam que Jerusalém Oriental seja a capital do seu futuro Estado..A embaixada da Ucrânia em Israel criticou a instalação da delegação diplomática russa em Jerusalém, "para a qual inclusive foram cedidos terrenos de forma gratuita", e condenou o que considera um "flagrante desprezo pelos limites morais, demonstrado por numerosos altos responsáveis israelitas que participaram numa receção diplomática organizada pela embaixada da Rússia em Jerusalém"..A representação ucraniana também lamentou que Israel "se tenha mantido em silêncio quanto às regulares declarações antissemitas feitas por Putin"..Em meados deste mês, o Presidente russo, Vladimir Putin, disse: "Tenho muitos amigos judeus que me dizem que Zelensky não é judeu e que envergonha o povo judeu".."Enquanto os países democráticos impõem sanções à Rússia, como um país terrorista que comete crimes de guerra diariamente, Israel não impôs qualquer sanção, além de ter aumentado o comércio bilateral com o sangrento regime de Moscovo durante os últimos dois anos", sublinhou a embaixada de Kiev no comunicado, apelando a Israel para "mudar a sua posição e apoiar a Ucrânia com meios defensivos".