Casa Branca suspende polémico uso de agentes a cavalo para controlar migrantes na fronteira
A Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos suspendeu o recurso a agentes a cavalo nas operações de dissuasão dos migrantes que tentam entrar no país através da travessia do Rio Grande, junto à cidade fronteiriça de Del Rio, no Texas, anunciou a Casa Branca esta quinta-feira.
A medida surge na sequência de várias críticas ao tratamento dado aos migrantes haitianos que tentam entrar nos EUA, depois de várias imagens constrangedoras terem sido publicadas por diversos media internacionais.
O secretário de Segurança Interna norte-americano, Alejandro Mayorkas, "comunicou aos líderes dos direitos civis esta manhã que não voltaremos a recorrer a agentes a cavalo em Del Rio", revelou a assessora de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.
Os muitos críticos que se insurgiram contra a atuação da polícia de fronteira dos EUA mostraram-se chocados com as imagens, alegando que estas lembravam os tempos em que os cowboys pastoreavam o gado ou os tempos da escravatura, quando os polícias montados a cavalo ou os "donos" de escravos usavam chicotes contra os negros americanos.
Mayorkas, que tem sob sua alçada a Patrulha de Fronteira, já tinha vindo a público na quarta-feira defender que as imagens divulgadas "não refletem quem somos como país, nem quem é a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos".
O secretário de Segurança Interna disse também, numa audiência no Congresso, que ordenou uma investigação para apurar o que aconteceu e revelou que os agentes responsáveis foram entretanto transferidos para outras funções.
As imagens serviram para dar foco ao desafio migratório que a administração de Joe Biden enfrenta, com a enorme onda de haitianos e outros migrantes que tentam cruzar a fronteira para os EUA.
O governo norte-americano já forçou o recuo de muitos deles para lá da fronteira e também repatriou mais de 1.400 de volta ao Haiti numa série de voos fretados para o efeito.
O líder da maioria democrata no Senado dos Estados Unidos, Chuck Schumer, instou o presidente Joe Biden a encerrar as deportações em massa de migrantes haitianos, chamando essa política de atitudes "detestáveis e xenófobas" típicas da administração do ex-presidente Donald Trump.
"Tal decisão vai contra o senso comum" e de "decência", lamentou Schumer, acrescentando que o Haiti "não pode recebê-los" pois, à instabilidade política e à violência, somou-se o terremoto de agosto, que matou mais de 2.200 pessoas na ilha.
No entanto, para já, o discurso do secretário de Segurança Interna não parece contemplar esse cenário. Mayorkas disse que os haitianos foram erroneamente informados de que podem permanecer nos Estados Unidos como refugiados sob o "Status de Proteção Temporária" (TPS) devido à turbulência política no Haiti e ao recente terremoto que devastou o país.
"Estamos muito preocupados que os haitianos que embarcam neste caminho de migração irregular estejam a receber informações falsas de que a fronteira está aberta ou que o status de proteção temporária está disponível", disse Mayorkas.
"Reiteramos que nossas fronteiras não estão abertas e que as pessoas não devem empreender essa jornada perigosa. Se você entrar ilegalmente nos Estados Unidos, será deportado", resumiu.