Abrigos subterrâneos voltaram a ser tema na Europa após início da agressão russa à Ucrânia
Abrigos subterrâneos voltaram a ser tema na Europa após início da agressão russa à UcrâniaEPA/ATEF SAFADI

Alemanha planeia expandir rede de bunkers face à ameaça russa

Chefe da Proteção Civil alerta que o país está impreparado e quer adaptar estruturas já existentes para proteger até um milhão de pessoas
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A Alemanha está a preparar um plano de emergência para expandir rapidamente a sua rede de abrigos anti-bomba, ou bunkers, perante o receio crescente de que um conflito armado possa atingir o território europeu nos próximos anos, face ao que considera ser a ameaça russa.

Ralph Tiesler, presidente da Agência Federal de Proteção Civil e Assistência em Catástrofes (BBK), alertou que o país está mal preparado para enfrentar uma eventual guerra. “Durante muito tempo acreditou-se que a guerra não era um cenário para o qual fosse necessário preparar-nos. Isso mudou”, afirmou ao jornal Süddeutsche Zeitung.

O plano, que deverá ser apresentado oficialmente neste verão, propõe a transformação de túneis, estações de metro, parques de estacionamento subterrâneos e caves de edifícios públicos em abrigos preparados para tempos de guerra. O objetivo é criar rapidamente espaço para acolher pelo menos um milhão de pessoas, refere o jornal The Guardian.

Atualmente, a Alemanha conta com cerca de dois mil bunkers construídos durante a Guerra Fria, mas apenas 580 continuam operacionais — com capacidade para cerca de 480 mil pessoas, ou seja, menos de 0,5% da população alemã. Um número irrisório se comparado, por exemplo, com a Finlândia, que dispõe de 50 mil salas de proteção, capazes de abrigar 85% dos seus cidadãos.

Este plano da Proteção Civil surge apoiado num contexto de agravamento da tensão na Europa, face ao prolongamento da guerra na Ucrânia e do envolvimento mais ativo de diversos países europeus no apoio a Kiev – como aquele já anunciado pelo novo governo alemão, liderado por Friedrich Merz, que irá ajudar a Ucrânia no fabrico de mísseis de longo alcance.

Além dos bunkers, o plano alemão prevê o reforço dos sistemas de alerta à população, como aplicações móveis, sinalização nas estradas e sirenes. Tiesler sublinhou ainda a necessidade de proteger essas plataformas contra ataques informáticos.

O dirigente alemão defende também a criação de um serviço de proteção civil — obrigatório ou voluntário — e apelou à população para se preparar para eventuais falhas no abastecimento de água e eletricidade. “Idealmente, cada pessoa deveria ter reservas para dez dias”, disse.

A estimativa de custos para suportar este plano é elevada: pelo menos 10 mil milhões de euros nos próximos quatro anos, e 30 mil milhões até ao final da década. Parte do financiamento poderá vir da suspensão temporária da regra do travão à dívida, aprovada em março pelo parlamento alemão, que permite um aumento significativo do investimento público em defesa, infraestruturas e segurança interna.

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