O chanceler alemão, Friedrich Merz, anunciou hoje que a Alemanha e a Jordânia vão organizar uma “ponte aérea de bens humanitários para Gaza” para ajudar a população que, segundo a ONU, enfrenta “níveis alarmantes” de subnutrição. “O ministro da Defesa, Boris Pistorius, vai trabalhar em estreita colaboração com a França e o Reino Unido, que também estão prontos para organizar uma ponte aérea para fornecer alimentos e medicamentos”, acrescentou o chanceler, numa conferência de imprensa em Berlim.O chanceler alemão, um dos mais firmes apoiantes de Israel na guerra contra o grupo extremista palestiniano Hamas, apelou a Telavive para que “melhore imediatamente, de forma abrangente e sustentável” as condições humanitárias em Gaza, afirmando que as medidas implementadas este fim de semana pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, eram apenas um primeiro passo.“Sabemos que isto representa uma ajuda muito pequena para a população de Gaza, mas é, no entanto, uma contribuição que temos o prazer de dar”, acrescentou Merz, que deverá receber o rei Abdullah II da Jordânia em Berlim na terça-feira.O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Johann Wadephul, deve deslocar-se à região na quinta-feira para fazer avançar as negociações sobre um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, acrescentou o chanceler, adiantando que tenciona manter novas conversações com Netanyahu hoje à noite.Já o coordenador de emergências da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Gaza, Jean Guy Vataux, advertiu também hoje que o lançamento de ajuda humanitária por Israel na Faixa de Gaza é uma “iniciativa inútil”. “As estradas estão lá, os camiões estão lá, os alimentos e os medicamentos estão lá, está tudo pronto para levar a ajuda humanitária à Faixa de Gaza, que fica a poucos quilómetros de distância”, disse, referindo-se ao bloqueio imposto por Israel à distribuição de ajuda.O coordenador da MSF defende que “basta que as autoridades israelitas decidam facilitar a sua chegada, acelerar os procedimentos de autorização, permitir a entrada de mercadorias em grande escala e coordenar a sua recolha e entrega em segurança". “Só então poderemos começar a resolver a fome a que assistimos", afirmou.Jean Guy Vataux esclareceu ainda que estes lançamentos aéreos, iniciados durante o fim de semana, são “particularmente ineficazes e perigosos”. “Transportam muito menos provisões do que as 20 toneladas que um camião pode transportar”, acrescentou.O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu hoje que via sinais de "verdadeira fome" no território palestiniano sitiado por Israel e prometeu mais ajuda, incluindo a abertura de "centros de distribuição de alimentos".O Ministério da Saúde de Gaza anunciou hoje terem morrido 14 pessoas por subnutrição nas últimas 24 horas no enclave palestiniano, elevando o número de mortos por fome para 147 desde o início da guerra, em outubro de 2023..OMS alerta para níveis alarmantes da subnutrição na Faixa de Gaza.Israel interrompe combates em três zonas de Gaza face à fome. Camiões já estão a entrar no território