Roman Abramovich, foi proprietário do Chelsea entre 2003 e 2022.
Roman Abramovich, foi proprietário do Chelsea entre 2003 e 2022.DR

Abramovich, ex-dono do Chelsea que tem nacionalidade portuguesa, deve mil milhões de libras ao Reino Unido

Investigação de um consórcio de jornalistas aponta que o magnata russo procurou evitar o pagamento de impostos relativos a investimentos em fundos, sendo que parte das verbas.
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Roman Abramovich, antigo dono do Chelsea, terá uma dívida de um bilião de libras (aproximadamente 1,1 mil milhões de euros) ao Fisco do Reino Unido, de acordo com uma investigação do consórcio de jornalistas Bureau of Investigative Journalism e dos britânicos The Guardian e BBC.

De acordo com o noticiado, o magnata russo, que também tem nacionalidade portuguesa, geria a partir de Londres empresas que tinham sede nas Ilhas Virgens Britânicas. Pelas empresas terão passado investimentos no valor de 4,7 mil milhões de libras. Ora, se a gestão das sociedades era feita a partir da capital britânica, aquela verba deveria ter sido tributada pelo sistema fiscal do Reino Unido. Mas não foi.

Quer isto dizer, que as empresas foram usadas para evitar o pagamento de impostos relativos aos investimentos que Abramovich fazia. Pormenor revelado pela investigação: parte da verba financiou o Chelsea, clube de futebol inglês que chegou a ser treinado pelos portugueses José Mourinho e André Villas-Boas.

De acordo com a BBC, os advogados de Roman Abramovich asseguraram que o empresário “obteve sempre aconselhamento fiscal e jurídico profissional independente” e “atuou de acordo com esse aconselhamento”.

Como decorria o esquema, segundo a investigação? Alegadamente, a Keygrove Holding Limited, com sede no referido paraíso fiscal, era detida pelo HF Trust, fundo com sede no Chipre, que tinha Abramovich como beneficiário, até 2022. A sociedade Keygrove controlava outras 12 empresas, também com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, que canalizavam milhões de libras para diversos investimentos, sem que fossem liquidados quaisquer impostos sobre os rendimentos.

Abramovich, que depois de vender o Chelsea, na sequência das sanções impostas à Rússia na Europa, por causa da guerra na Ucrânia, passou a viver entre Istambul (Turquia), Telavive (Israel) e Sochi (Rússia), terá obtido ganhos de quase quatro mil milhões de dólares (mais de 3,8 mil milhões de euros).

A estrutura que permitiu aqueles ganhos durou até 2022, ano em que os cinco filhos de Abramovich passaram a ser os beneficiários líquidos do fundo por detrás da Keygrove. Naquele ano, Abramovich passou a integrar também uma lista de empresários russos alvo de sanções económicas devido à guerra na Ucrânia.

Iates classificados como embarcações comerciais

O mesmo consórcio de jornalistas já tinha divulgado, na segunda-feira, que Roman Abramovich também procurou contornar as normas legais do Fisco do Reino Unido com os iates que detinha.

Os documentos a que o consórcio, que inclui os britânicos BBC e The Guardian, tiveram acesso aponta que o antigo dono do Chelsea classificou cinco iates como embarcações comerciais - para serem fretados por alegados clientes - o que permitia evitar o pagamento de impostos relativos aos custos de operação nas zonas marítimas de diferentes países europeus.

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