Em Israel os deputados votaram por larga maioria duas leis que proíbem, no seu território, as atividades da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA); horas depois, no Líbano, oito capacetes azuis da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) ficaram feridos depois de um foguete ter caído no quartel-general da missão. As Nações Unidas são a mais recente e inesperada vítima das guerras no Médio Oriente. O cisma entre Israel e a comunidade internacional agudizou-se com a aprovação de projetos-lei no Knesset que, a serem promulgados, irão impedir a UNRWA de funcionar em território israelita e proibir qualquer contacto entre a agência e funcionários israelitas. Na prática, as suas atividades vão ser também encerradas em Jerusalém Oriental, território anexado por Israel desde 1980, e o impacto da lei deixará a Faixa de Gaza e a Cisjordânia com uma agência inoperacional, uma vez que depende da coordenação com Israel. O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, ao mesmo tempo que afirmou o compromisso em respeitar o direito internacional e em prestar ajuda ao enclave, ao dizer que vai continuar a trabalhar com outras agências das Nações Unidas, como o Programa Alimentar Mundial ou a UNICEF, reiterou a posição de que o Hamas “infiltrou-se de forma ampla e profunda na UNRWA em Gaza”. Além dos nove funcionários da agência que Israel diz terem estado envolvidos no ataque terrorista do 7 de Outubro - e que foram despedidos -, para Telavive há outros 100. Vários países criticaram a iniciativa legislativa, inclusivamente os EUA. O secretário-geral da ONU, António Guterres, escreveu ao primeiro-ministro Netanyahu depois de considerar a aplicação das leis - que entrarão em vigor dentro de três meses - “inaceitável”. .A missão da ONU terá sido atacada pelo Hezbollah ou afiliados. EPA/STRINGER.No Líbano, o foguete que atingiu o quartel-general da UNIFIL em Naqoura foi “provavelmente” disparado pelo Hezbollah ou pelos seus aliados, disse a missão, num ataque que feriu ligeiramente oito soldados austríacos. Com a incursão israelita no sul do Líbano, multiplicaram-se os incidentes de Israel com as forças da ONU - há uma semana, segundo um relatório divulgado pelo Financial Times, nada menos do que uma dúzia. Entre os ataques, dois soldados indonésios ficaram feridos na sequência de um disparo a uma torre de vigia; dois cingaleses foram feridos no quartel-general; e, em Ramyah, em meados de outubro, 15 capacetes azuis sofreram irritações cutâneas e reações gastrointestinais após as forças israelitas terem lançado gás. A porta-voz da UNIFIL Kandice Ardiel disse ao The New Arab que não foi possível determinar qual a substância, mas lembrou que Israel tem usado fósforo branco no sul do Líbano, apesar de ser proibido..Israel diz que sucessor de Nasrallah terá vida curta.Naim Qassem (EPA/WAEL HAMZEH).O movimento xiita pró-iraniano anunciou como novo secretário-geral, sucessor de Hassan Nasrallah, morto no mês passado num bombardeamento em Beirute, o vice-secretário e porta-voz Naim Qassem. “Nomeação temporária. Não por muito tempo”, foi como reagiu o ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant, ao publicar uma foto do novo líder numa mensagem no X. Qassem, de 71 anos, foi a escolha lógica depois de o homem que era apontado para suceder a Nasrallah, o clérigo Hashim Safieddine, ter também sido morto uma semana depois noutro ataque aéreo. As forças israelitas têm vindo a decapitar o alto comando quer do Hezbollah quer do Hamas. Qassem iniciou a carreira política no Movimento Amal na década de 1970, mas, influenciado pela Revolução Islâmica iraniana, saiu em 1979 e foi um dos fundadores do Hezbollah, em 1982. Nomeado secretário-geral-adjunto da organização em 1991 pelo antecessor de Nasrallah, Qassem continuou no cargo até agora, onde tem sido um dos principais porta-vozes. Fez três discursos na TV desde a morte de Nasrallah. Num deles, há precisamente um mês, afirmou que “Israel não luta contra combatentes, comete massacres” e prometeu a vitória, tal como em 2006. .cesar.avo@dn.pt