Com um penso na orelha direita e o Partido Republicano a seus pés, Donald Trump compareceu no primeiro dia da convenção do partido, em Milwaukee, já depois de ter sido designado candidato à presidência e de ter tornado público o seu vice. Ao segundo dia, os seus principais adversários nas primárias republicanas juntaram as suas vozes à coreografia de apoio ao nova-iorquino. No campo democrata, após nova entrevista, Joe Biden partiu em campanha para Las Vegas. .A antiga embaixadora Nikki Haley e o governador da Florida Ron DeSantis, derrotados nas primárias, foram a Wisconsin demonstrar a “união” que Trump pediu na sequência da tentativa do seu assassínio no sábado, enquanto os norte-americanos e o mundo em geral ficaram a digerir a sua escolha para a vice-presidência -- e o seu herdeiro no movimento MAGA, segundo a The Economist. Na Europa, a notícia de J.D. Vance como candidato a número dois dos republicanos foi acolhida como um balde de gelo. Enquanto senador gabou-se de ter ajudado a reter a mais recente legislação que inclui o apoio de 61 mil milhões de dólares à Ucrânia. “Conseguimos deixar bem claro à Europa e ao resto do mundo que os Estados Unidos não podem passar cheques em branco indefinidamente”, disse então. Vance é neste tema um porta-voz de Trump. O apoio a Kiev foi um raro tema quase consensual entre democratas e republicanos, mas a crescente influência do ex-presidente no Capitólio mudou o paradigma. Como lembra o Politico, a presença de Vance na Conferência de Segurança de Munique, em fevereiro, destoou ao recusar encontrar-se com o presidente e o chefe da diplomacia da Ucrânia. Motivo? “Pensei que não ia aprender nada.” Mas não é só na defesa e segurança que o senador do Ohio leva ao franzir de sobrancelhas. Adepto do chamado populismo económico, advoga medidas de protecionismo económico como a imposição de taxas aduaneiras. “Vance é uma caixa de ressonância de Trump e não uma voz nova”, disse David Niven, professor de Política na Universidade de Cincinnati, à Reuters, e tendo em conta o anterior discurso crítico de Vance face a Trump disse ser um caso de “profundo oportunismo”. A escolha do antigo especulador financeiro não surpreendeu Joe Biden. “Não é invulgar, rodeia-se de pessoas que concordam plenamente com ele”, disse o democrata sobre Trump numa entrevista à NBC News. Ao falar sobre o discurso extremado na política, Biden reconheceu ter sido infeliz quando usou a frase “é altura de colocar Trump num alvo” quando, explicou, queria dizer que era para as pessoas “centrarem-se no que está a fazer e nas suas políticas, no número de mentiras que disse no debate”. Mas apesar de ter dito aos norte-americanos que era altura de “baixar a temperatura” da política, insistiu que Trump é uma ameaça à democracia e que não pode deixar de afirmá-lo. Enquanto voltou à campanha -- viajou para Las Vegas para um encontro com ativistas negros --, a CNN noticiou que Biden e a sua equipa continuam a receber pedidos para desistir, mas agora em privado. .Apoio de bilionários de Silicon Valley.Elon Musk vai doar mais de 41 milhões de euros por mês para a campanha de Trump, revelou o Wall Street Journal. O proprietário da Tesla, SpaceX e da rede social X junta-se assim a outros bilionários seduzidos pelo agora candidato a vice, J.D. Vance. Este recebeu milhões de Peter Thiel, fundador do PayPal e seu ex-patrão, na corrida ao Senado de 2022, e mantém relações estreitas com empresários de Silicon Valley. No mês passado terá ajudado a organizar uma angariação de fundos com os bilionários David Sacks e Chamath Palihapitiya..cesar.avo@dn.pt