Os países da NATO acusaram esta segunda-feira, 22 de setembro, a Rússia de violar o espaço aéreo da Aliança com as recentes incursões de drones e aviões militares em território polaco e estónio, com o Reino Unido a ir mais longe e a alertar o Kremlin que estes incidentes poderão levar a um conflito armado entre as duas partes. “Ao presidente Putin, digo que as suas ações imprudentes põem em risco um confronto armado direto entre a NATO e a Rússia. A nossa Aliança é defensiva, mas não se iludam. Estamos prontos para tomar todas as medidas necessárias para defender os céus e o território da NATO. Estamos vigilantes”, afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Yvette Cooper, numa reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU realizada a pedido da Estónia. “Somos resolutos e, se precisarmos de confrontar aviões que operam no espaço aéreo da NATO sem permissão, assim o faremos”, acrescentou a governante.Da parte do Moscovo, o embaixador adjunto da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy, afirmou não existirem provas que sustentem as alegações da Estónia - que afirma que na sexta-feira três caças russos MiG-31 entraram no seu espaço aéreo sem permissão - referindo que os países europeus estão a levantar acusações infundadas. Argumento que tinha sido dado horas antes pelo Kremlin. “Não participaremos neste teatro do absurdo”, declarou Polyanskiy, referindo ainda que “todos os acontecimentos são imediatamente interpretados através de um prisma antirrusso”, sendo “a própria ideia de que a guerra com a Rússia é inevitável martelada freneticamente nas cabeças da população europeia”.O ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Margus Tsahkna, rejeitou as críticas da Rússia, garantindo que as acusações de Talin se baseiam em “factos concretos, baseados em provas sólidas, independentemente do que a Rússia esteja a alegar”.No domingo, o secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Jonatan Vseviov, já havia alertado que “da próxima vez, as consequências podem agravar-se, e sim, o abate de aeronaves intrusas é uma possibilidade. A capacidade existe. A vontade de defender o nosso espaço aéreo existe”. Mas deixando claro que “o propósito da NATO não é a agressão”. Esta foi a segunda vez no espaço de dez dias que o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para discutir as ações da Rússia na região, depois de um encontro realizado a pedido da Polónia na sequência da presença de drones russos no seu espaço aéreo. O assunto será discutido novamente esta terça-feira, mas pelo Conselho do Atlântico Norte da NATO.Na linha do que foi dito em Nova Iorque por Cooper, durante a manhã em Varsóvia o primeiro-ministro polaco já havia garantido que a Polónia não hesitará em abater quaisquer objetos que “violem o nosso território e sobrevoem a Polónia”. “Tomaremos a decisão de abater objetos voadores quando estes violarem o nosso território e sobrevoarem a Polónia, não há absolutamente nenhuma discussão sobre isso”, afirmou Donald Tusk. Mas deixou claro que Varsóvia irá adotar uma abordagem mais cautelosa em situações que não forem claras, “como o recente voo de caças russos sobre a plataforma Petrobaltic, mas sem qualquer violação, porque estas não são as nossas águas territoriais”. “É necessário pensar duas vezes antes de decidir sobre ações que possam desencadear uma fase muito aguda do conflito”, disse.Acima de tudo, Tusk diz precisar da garantia de que a Polónia não estará sozinha em caso de conflito. “Preciso de ter a certeza absoluta de que todos os aliados tratarão isto exatamente da mesma forma que nós”.A garantia foi dada na reunião do Conselho de Segurança desta segunda-feira pelo embaixador dos EUA na ONU, Mike Waltz. “Os Estados Unidos e os nossos aliados defenderão cada centímetro do território da NATO. A Rússia precisa de travar urgentemente este comportamento perigoso”..Rússia aumenta pressão sobre a NATO e prossegue incursões aéreas