O presidente dos EUA, Donald Trump, nunca escondeu o seu fascínio pela família real britânica e ficou verdadeiramente surpreendido (pela positiva) quando, na primeira visita à Casa Branca, logo em janeiro, o primeiro-ministro Keir Starmer lhe entregou uma carta do rei Carlos III a convidá-lo para uma visita de Estado ao Reino Unido. A viagem será histórica, já que normalmente, num segundo mandato, os presidentes norte-americanos são apenas convidados para um chá ou um almoço com os monarcas (foi assim com George W. Bush ou Barack Obama com Isabel II). Mas os britânicos recorreram a toda a pompa e circunstâncias de uma visita de Estado para Trump, que chega esta terça-feira (16 de setembro) a Londres.E o que está previsto na agenda? Trump e a primeira-dama, Melania, chegam na terça-feira, mas a visita de Estado só começa oficialmente na quarta-feira (17 de setembro), com o casal a ser recebido no Castelo de Windsor (onde vão ficar alojados) pelos príncipes de Gales, William e Catherine, antes de encontrar com os anfitriões, o rei Carlos III e Camilla. Os seis farão um cortejo de carruagem pela propriedade, mas não passam pela vila - todas as interações com o público foram diminuídas ao mínimo, diante da ameaça de protestos. Os Red Arrows, a esquadrilha acrobática da Força Aérea britânica, fará um sobrevoo e haverá uma guarda de honra à entrada do castelo, onde decorre o almoço. Nos céus haverá também drones, para garantir a segurança.Esta será a segunda visita de Estado de Trump ao Reino Unido, tendo sido recebido em 2019 no Palácio de Westminster pela então rainha Isabel II. O presidente e a primeira-dama têm previsto visitar o túmulo da monarca na tarde de quarta-feira, para colocar uma coroa de flores. À noite, haverá um Banquete de Estado, no qual Carlos III e Trump deverão discursar. Na quinta-feira (18 de setembro), o dia será mais político, com Trump a encontrar-se com Starmer - mas sem um discurso no Parlamento (ao contrário do que aconteceu com o presidente francês, Emmanuel Macron, na visita de Estado em julho). O encontro não será em Downing Street, mas em Chequers, a casa de campo oficial dos primeiros-ministros britânicos, estando prevista uma conferência de imprensa conjunta.Mais uma vez a ideia é afastar Trump de eventuais protestos - mas os protestos ameaçam ir até onde estiver o presidente norte-americano. A Coligação Stop Trump está a planear protestos também em Windsor, além de Londres, onde na tarde de quarta-feira está prevista uma manifestação frente ao Parlamento.A entrega da carta e do convite serviu para Starmer quebrar o gelo com Trump e reforçar a “relação especial” entre os dois países, depois de, na campanha para as presidenciais norte-americanas, o seu Partido Trabalhista ter apoiado a candidatura da democrata Kamala Harris. A boa relação permitiu, por exemplo, que o Reino Unido tenha sido um dos primeiros a chegar a um acordo comercial com os EUA, no meio da guerra das tarifas. Isso não significa que todos os pontos tenham sido colocados nos is, com o site Politico a revelar que ambos os lados estão a retomar as negociações para baixar as tarifas em relação ao aço e ao alumínio britânicos (está nos 25%). O embaixador do Reino Unido para os EUA, Peter Mandelson, ex-comissário europeu para o Comércio, também foi importante na ligação entre Trump e Starmer. Mas o primeiro-ministro foi obrigado a demitir o embaixador na semana passada, depois de surgirem novos pormenores da amizade de Mandelson com o pedófilo Jeffrey Epstein (que morreu em 2019 na prisão, a aguardar julgamento). Um tema que Trump, que também era amigo de Epstein e está sob pressão para revelar todos os ficheiros do caso, não quer ouvir falar. Mas que o deverá acompanhar, tal como durante a visita privada que fez à Escócia em agosto para inaugurar mais um dos seus campos de golfe. Também Starmer está debaixo de fogo em relação ao que sabia sobre Mandelson, que no livro dos 50 anos de Epstein o trata como “o meu melhor amigo” e num email de 2019 insurgiu-se com a sua prisão e saiu em seu apoio.Enquanto Trump fala de política e negócios em Chequers (também haverá uma receção e há vários líderes de empresas de tecnologia nos convidados da visita de Estado), Melania ficará em Windsor com a rainha e com Catherine, tendo previsto um encontro com escuteiros. O presidente e a primeira-dama deixam o Reino Unido ao final do dia de quinta-feira, apesar de inicialmente estar previsto que a visita só terminasse na sexta-feira. .Trump anuncia novo ataque contra “narcoterroristas” da Venezuela com 3 mortos