IL quer ouvir com urgência ministro da Educação após 'mea culpa' sobre número de alunos sem aulas
FOTO: Leonel de Castro

IL quer ouvir com urgência ministro da Educação após 'mea culpa' sobre número de alunos sem aulas

Ministro reconheceu que as estatísticas avançadas pelo Governo segundo as quais, no primeiro período deste ano, houve menos 90% de alunos sem aula a pelo menos uma disciplina quando comparado com o ano passado, podem não corresponder à realidade. "Lamento ter indicado aquele dado", disse Fernando Alexandre.
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A IL requereu esta quinta-feira a audição urgente do ministro da Educação, após o governante ter reconhecido que os números em que se baseou para avançar que havia menos 90% de alunos sem aulas não são fiáveis.

Num requerimento dirigido à presidente da comissão parlamentar de Educação e Ciência, a deputada do Chega Manuela Tender, a Iniciativa Liberal refere que, na semana passada, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, comunicou ao país "que tinha sido alcançada uma redução de 89% de alunos sem aulas uma vez, a uma disciplina", durante o 1.º período.

A IL salienta que, "perante a indignação e alerta de partidos e sindicatos, foi clarificado que os números eram verdadeiros e correspondiam a critérios próprios, designados de períodos longos, ou seja, mais de 60 dias sem aulas, uma vez, durante o 1.º período, a uma disciplina".

"À data de hoje, o senhor ministro da Educação, Ciência e Inovação vem desmentir os números com que se comprometeu nem há uma semana, alegando engano na base de dados, à qual irá desencadear uma auditoria", lê-se.

Para a IL, "desde o início do ano letivo, os números avançados pelo senhor ministro da Educação, Ciência e Inovação têm sido recorrentemente imprecisos e alvo de correção posterior".

"Desta forma, por considerar que é necessário um esclarecimento completo sobre os dados que têm sido divulgados relativamente ao cumprimento do Plano +Aulas +Sucesso, que não pode aguardar mais, o Grupo Parlamentar da IL vem requerer a audição urgente do senhor ministro da Educação, Ciência e Inovação", lê-se.

O Expresso noticiou hoje que o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, reconheceu que as estatísticas avançadas pelo Governo segundo as quais, no primeiro período deste ano, houve menos 90% de alunos sem aula a pelo menos uma disciplina quando comparado com o ano passado, podem não corresponder à realidade.

Na notícia do Expresso, lê-se que Fernando Alexandre reconheceu que "qualquer comparação com o ano letivo passado é neste momento impossível", tendo em conta os "dados contraditórios que recebeu dos serviços em diferentes momentos" e também "todas as dúvidas que surgiram, nomeadamente por parte do ex-ministro da Educação João Costa".

"Confrontado com dados contraditórios, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) considerou não existir fiabilidade na informação prestada pelos serviços sobre o ano letivo de 2023/24, colocando em causa o rigor de todos os dados que têm vindo a público, incluindo o valor de referência escolhido pelo Governo para a avaliação do efeito das suas medidas, assim como os dados divulgados pelo ex-ministro João Costa", lê-se na resposta do Ministério da Educação a perguntas enviadas pelo Expresso.

O Expresso refere que, após terem sido divulgados publicamente números por parte do PS e do ex-ministro João Costa que contrariavam os que estavam a ser comunicados pelo Governo, o Ministério da Educação pediu à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) que revalidasse os dados relativos ao ano letivo 2023/2024, "de modo a verificar a informação usada pela atual equipa do ministério referente a esse período".

Segundo o semanário, nessa resposta, a DGEstE indicava que "os alunos sem aulas desde o início do ano letivo eram 7.381" e, "no final do 1.º período eram 3.295", ou seja, números muito distantes dos 21 mil que o Governo identificava até agora e nos quais se baseava para argumentar que havia uma redução de 90%.

"Lamento ter indicado aquele dado. Se tivesse o conhecimento que tenho hoje, não o teria feito", disse o ministro ao Expresso, que confessa já não ter confiança nos números fornecidos pela DGEstE e afirma ter pedido uma auditoria externa aos dados sobre alunos sem aulas no ano passado.

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