Polícia deixou escapar Coulibaly na semana anterior aos atentados de Paris

Coulibaly e a companheira foram parados numa operação de rotina da polícia de trânsito em Paris. Ordem era para obter informações sem necessidade de vigiar ou deter os suspeitos.

O carro alugado onde seguiam Amedy Coulibaly e a companheira, Hayat Boumedienne, foi mandado parar numa operação de rotina da polícia de trânsito em Paris. Aconteceu tudo pouco mais de uma semana antes dos atentados que, no total, fizeram 17 vítimas mortais na capital francesa. Coulibaly, alinhado com os irmãos Kouachi - que atacaram a redação do Charlie Hebdo, tirando a vida a 12 pessoas - foi o responsável pelo homicídio de uma agente da polícia e pela morte de quatro pessoas após sequestro num supermercado judaico. A mulher-polícia foi assassinada quinta-feira, dia 8 de janeiro, e o sequestro aconteceu no dia seguinte, 9 de janeiro de 2015.

Mas no dia 30 de dezembro de 2014, pelas 11.45 da manhã, hora francesa, dois agentes que se deslocavam em motorizadas mandaram parar um Seat Ibiza na rua Simon-Bolivar, no 19.º bairro de Paris. O condutor, Amedy Coulibaly, estava acompanhado por um jovem, Hayat Boumedienne, que hoje é uma das pessoas mais procuradas de França. A 'operação stop', de rotina, foi revelada hoje pelo jornal satírico francês Canard Enchaîné, que publica excertos do relatório de um dos agentes da polícia no local. Após pedirem os documentos ao casal, os agentes inseriram os nomes numa base de dados da polícia, onde Coulibaly estava assinalado pelo departamento de combate ao terrorismo. Porém, a ordem era para tentar obter informações sem despertar suspeitas. Não havia indicação para prender o indivíduo por ligações às fileiras jihadistas.

Coulibaly e Boumedienne seguiram então, sem serem sequer vigiados, no Seat Ibiza alugado em direção a Espanha, onde Hayat apanhou um voo que a levou à Turquia, de onde partiu para a Síria.

O agente terá então informado sobre o encontro os seus superiores hierárquicos e as forças de segurança antiterrorismo, mas ninguém tomou medidas, perdendo-se o rasto do casal. A ficha de Coulibaly na polícia datava de 2010 e nem sequer fora cruzada com informações dos serviços secretos. Após os atentados, o agente que mandou parar Coulibaly fez o reconhecimento formal, admitindo que o homem que mandara parar era o mesmo que tinha atacado o supermercado judaico.

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