Petrolão atinge líderes do "legislativo" e preocupa Dilma

Os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados estão entre os 54 políticos citados no escândalo. Dilma teme clima de tensão.
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Os poderosos presidentes das duas câmaras do Congresso do Brasil, o Senado e a Câmara dos Deputados, vão ser investigados pelo Supremo Tribunal a pedido do procurador-geral da República. Renan Calheiros e Eduardo Cunha são os dois primeiros nomes a serem conhecidos de uma lista de 54 políticos envolvidos no Petrolão, o nome pelo qual ficou conhecido o escândalo de corrupção na Petrobras, a maior empresa brasileira. A notícia, numa primeira análise, enfraquece os dois líderes do legislativo, envolvidos numa guerra aberta com o governo de Dilma Rousseff. Mas a presidente teme agora retaliações.

"Não fui avisado de nada por parte do Palácio do Planalto nem por outro canal oficial", disse Renan Calheiros à imprensa após o seu nome ter vindo a público nos três principais jornais do Brasil, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo. "Que seja investigado tudo o que tenha de ser investigado mas espero que não sejam investigações de natureza política", reagiu por seu lado Eduardo Cunha.

Ambos os dirigentes são membros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), em tese o principal aliado político do Partido dos Trabalhadores (PT) de Dilma mas na prática o seu maior opositor. Cunha, recém-eleito contra vontade da presidente, infligiu várias derrotas ao Planalto. Calheiros, cuja oposição tem sido mais subtil, surpreendeu ontem ao chumbar uma medida de ajuste orçamental essencial para o governo, no que foi entendido pela imprensa e pelo governo como primeira retaliação à sua inclusão na lista do procurador-geral Rodrigo Janot. Entende o PMDB que Janot foi influenciado pelo governo para compor a lista.

"Depois de um mês acumulando forças, os dois terão agora de salvar a própria pele no Supremo Tribunal mas o diagnóstico não deve ser confundido com alívio para Dilma Rousseff, como demonstrou a primeira reação de Renan", escreveu Bernardo Mello Franco, colunista da Folha de São Paulo. O Estado de São Paulo confirma, ao noticiar que Dilma confidenciou a aliados temer um clima de tensão agravada entre executivo e legislativo após a divulgação da lista.

"Vamos punir quem tiver de ser punido, independentemente do nome, mas isto ainda está tudo muito no princípio", esclareceu Janot.

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