Irmãos Costa. Um remador num barco de dois

Afonso e Dinis Costa conciliam os estudos na Universidade de Coimbra com os treinos de remo. Os atletas estão a preparar o próximo campeonato do mundo e sonham chegar aos Jogos Olímpicos de Tóquio
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Dia de treino. Faça sol ou faça chuva, os irmãos Costa vão até ao centro de treinos da Federação Portuguesa de Remo, fazem aquecimento e lançam o barco ao Mondego. A rotina altera-se pouco durante a semana, sobretudo porque Afonso e Dinis têm que conciliar aulas, treinos e competições.

Afonso Costa, 22 anos, está a fazer pós-graduação em Ecoturismo. O irmão Dinis frequenta a licenciatura em Engenharia Informática. São de Setúbal mas escolheram estudar em Coimbra para aperfeiçoarem a modalidade. "Viemos primeiro por causa do remo e, em seguida, pelo gosto do curso. Os cursos também existiam em Lisboa, que é perto de Setúbal, mas optamos por vir para Coimbra, mesmo para praticar", explicou Dinis Costa, 20 anos.

Só a prática leva à perfeição e é para a excelência que os irmãos Costa trabalham ou não tivessem como objetivo a participação nos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio. "Há uns anos era um sonho e agora passa a ser já um objetivo!", conta Afonso.

A dupla garante estar a fazer tempos cada vez melhores. "Ainda falta um ano e pouco para o apuramento, por isso ainda temos uma margem de progressão para chegarmos cada vez mais próximo do lugar de apuramento para Tóquio".

Afonso Costa sabe que o sonho se pode tornar realidade mas admite que a luta é renhida. "O programa olímpico sofreu alterações, ou seja, só existem dois lugares por país. São várias pessoas a lutar por este lugar".

O treinador José Velhinho terá de gerir os lugares pelos atletas da Federação Portuguesa de Remo. "Para já, nos Jogos Olímpicos, a aposta que estamos a fazer é com o Afonso e outro atleta que nós temos mais forte que é o Pedro Fraga, que já tem dois Jogos Olímpicos. Depois do que nós vimos em Itália, eu acho que é possível nós aspirarmos a tentarmos fazer o apuramento".

Afonso Costa ganhou a medalha de bronze nas regatas internacionais de Piediluco em Itália, em dupla com o remador Pedro Fraga. Dinis Costa enfrentou adversários que vai encontrar pelo caminho no campeonato do mundo em Poznań no final do mês de julho.

Apesar de partilharem o barco com outros remadores, os irmãos Costa já fizeram muitos quilómetros juntos. " A sensação já é sempre a mesma. Parece que somos sempre um remador num barco de dois".

Mas os arrufos acontecem, ou não estivéssemos a falar de irmãos. "Quando nos chateamos, tentamos chegar aqui ao clube e pôr tudo para trás porque não convém estar no barco chateado porque senão o treino vai correr mal de certeza absoluta".

O treinador acredita que a cumplicidade de Afonso e Dinis ajudam no treino e acrescenta que "são uns atletas que são muito fáceis de treinar".

O esforço da dupla de remadores foi recompensado com a atribuição de duas bolsas de estudo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Afonso e Dinis estavam na iminência de abandonar os estudos e o remo. "A bolsa dos Jogos Santa Casa foi importantíssima para a nossa carreira desportiva, académica. No nosso caso, eles contribuíram para o realizar de um sonho. Sem aquela bolsa nós não conseguiríamos estudar e treinar. E eles com esse gesto conseguiram que dois jovens pudessem realizar os seus sonhos".

E se estamos nos agradecimentos há um que Afonso e Dinis não podem deixar de fazer. "A minha mãe, que é mãe solteira, cuida de nós sozinha, mesmo por isso não teria hipóteses de pagar os nossos estudos. Sempre nos apoiou no remo, sempre disse para perseguimos os nossos sonhos. É a nossa maior fã e nós somos também os fãs dela", contaram.

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