Para os milhares de portugueses com Asma Grave, a resposta está na inovação
A ciência continua a dar passos largos em direção ao tratamento das formas mais graves da asma. Uma das grandes contribuições recentes tem sido os tratamentos biológicos: seguros e eficazes.
Em Portugal, cerca de 700 mil pessoas sofrem de asma. Contudo, esta doença está longe de ser igual para todos os casos. A Asma Grave afeta cerca de 5 a 10% dos asmáticos portugueses, o que se estima que poderá envolver entre 35 mil e 70 mil asmáticos. Esta é uma doença difícil de controlar e com custos sociais e encargos financeiros acentuados para os sistemas de saúde. Graças aos novos tratamentos, o controlo é difícil mas não impossível, dado permitirem controlar a doença. Na maioria dos doentes, proporcionam uma vida completamente normal e minimizam o risco de crises asmáticas potencialmente graves ou limitações nas suas atividades diárias, melhorando a sua qualidade de vida.
Felizmente, os cuidados na asma nos últimos anos têm evoluído, quer com a terapêutica inalatória, nomeadamente dispositivos inalatórios e fármacos, quer, principalmente, devido ao surgimento de novas terapêuticas dirigidas aos asmáticos graves. Em particular, os anticorpos monoclonais, fármacos biológicos, que são dirigidos para doentes com asma grave após determinação do perfil de inflamação das vias aéreas, caraterísticas clínicas e frequência das agudizações. Estes tratamentos têm permitido modificar significativamente o enquadramento da doença para os pacientes com Asma Grave.
Os tratamentos biológicos são medicamentos de prescrição hospitalar, idealmente utilizados por médicos experientes e preferencialmente em unidades diferenciadas no tratamento da Asma Grave. Os tratamentos são comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde após o candidato ao fármaco cumprir os critérios de seleção para o mesmo. Têm mostrado resultados positivos no alívio dos sintomas e na redução de crises da Asma Grave.
Com o surgimento destas novas terapêuticas, podemos atingir o nosso objetivo principal: o controlo da doença. Se o conseguirmos, estes doentes terão menos necessidade de recorrer aos serviços de urgência e consultas não agendadas, preservar a sua função pulmonar, reduzir o absentismo laboral ou escolar e reduzir ou suspender a utilização de corticosteróides orais ou sistémicos, permitindo minimizar os inúmeros efeitos adversos que este fármaco tem para os doentes.
As terapêuticas biológicas são uma opção segura. A sua administração é, para a maioria dos biológicos, subcutânea e realizada a nível hospitalar. Felizmente, em doentes bem selecionados, atualmente, é possível a autoadministração, no domicílio, permitindo uma maior autonomia a doentes cuja dependência do hospital era impossível antes do surgimento desta alternativa.
A inovação e a evolução científica tem-se revelado uma estratégia fundamental no controlo da asma, permitindo "reabilitar e integrar" a maioria destes doentes na sociedade, sem padecer de uma doença limitativa e com condicionalismo e riscos importantes para a sua vida, evitando assim idas aos serviços de urgência e internamentos.
Por ano, em média, quatro em cada 10 portugueses com asma recorrem às urgências devido a crises de asma. De maneira a evitar a progressão da doença e acabar com esta realidade, o diagnóstico precoce e a referenciação a centros ou consultas de asma é muito importante. O papel da ciência e inovação é, assim, inestimável para os milhares de vidas que dependem de cuidados de saúde cada vez mais adequados à sua condição.
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