Guerra aberta Telefónica/PT
Está tudo em aberto quanto à possibilidade de a Telefónica poder lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Portugal Telecom (PT). Em comunicado envia- do ontem ao regulador do mercado, a CMVM, a operadora espanhola afirma que "ainda não tomou uma decisão sobre o lançamento de uma OPA sobre qual- quer activo detido pela PT", acrescentando que "não descarta, nas presentes circunstâncias, qualquer alternativa possível, incluindo a acima referida".
A Telefónica conclui o curto comunicado, assegurando que, "em qualquer caso, todas as decisões relativas a esta matéria serão tomadas no cumprimento da legislação aplicável relevante". Ou seja, o mercado será informado de todos os passos dados pela operadora espanhola.
A resposta da Telefónica surgiu depois de a CMVM ter pedido formalmente, na manhã de ontem, que a operadora esclarecesse o mercado "sobre as declarações proferidas pelo seu director financeiro, Santiago Fernández Valbuena, ao jornal Financial Times, em que este refere não estar afastada a hipótese de lançamento de uma OPA hostil sobre a Portugal Telecom pela Telefónica", lê-se no comunicado.
Ao jornal norte-americano, Santiago Valbuena afirma que a operadora espanhola não tem nenhum pacto de não agressão com a PT. "Nunca dissemos que nunca seremos hostis", revela o responsável, referindo-se à situação gerada com a recusa da empresa liderada por Zeinal Bava em aceitar a oferta espanhola para comprar a sua participação na Vivo. "Uma OPA hostil pode sempre ser revisitada", afirmou o responsável da Telefónica, que é também administrador da PT, em representação dos espanhóis que têm cerca de 10% da operadora portuguesa.
Com o cenário de uma OPA hostil em cima da mesa, e depois das declarações do director financeiro, o presidente executivo da PT considera que a Telefónica deve sair da administração da operadora nacional. "As pessoas têm de ser coerentes com as afirmações que fazem. A partir do momento em que temos de ter em conta os nossos deveres de lealdade com a empresa e existem, de facto, conflitos de interesse, cada um deve tomar a decisão em linha com aquilo que a sua consciência manda", afirma Zeinal Bava.
O responsável da PT vai mais além e acusa a Telefónica de tentativa de chantagem, depois de a operadora espanhola ter ameaçado deixar de pagar dividendos. "A tentativa de chantagem sobre a distribuição de dividendos da Vivo não nos intimida e é inaceitável", defende Zeinal Bava.
O presidente executivo da PT acredita que a operadora nacional tem todas as condições para responder a uma OPA por parte da Telefónica. "Não subestimem a PT, já tivemos uma OPA no passado e respondemos bem. Temos todas as condições para estar à altura do desafio", afirmou Zeinal Bava. A Telefónica recusou-se, entretanto, a comentar as declarações do presidente da PT.