Conservador, nacionalista e populista, o historiador Karol Nawrocki tomou posse como presidente da Polónia, sucedendo ao também conservador Andrzej Duda, e não perdeu tempo para demonstrar que irá fazer oposição ao governo de coligação liderado pelo centrista Donald Tusk.Recebido no Sejm (parlamento polaco) com aplausos e gritos com o seu nome por parte dos deputados do Partido Lei e Justiça (PiS), o homem eleito em junho não se esqueceu da campanha eleitoral que culminou numa emocionante segunda volta, na qual obteve 50,8% dos votos apesar de ter sido vítima, disse, de “propaganda, mentiras, teatro político e desprezo”. Depois de prestar juramento, afirmou no discurso de tomada de posse que, “como cristão”, perdoa “com paz de espírito” e do “fundo do coração” o “desprezo e o que aconteceu durante as eleições”. Segundo Nawrocki, “a Polónia não se encontra no caminho para o Estado de direito. É difícil considerar que um Estado é legal quando não existe um procurador nacional eleito de forma legal e quando se viola regularmente o artigo 7.º da Constituição, que estabelece que as autoridades devem agir com base e dentro dos limites da lei”, acusou de seguida. As reformas judiciais promovidas pelo PiS quando esteve no governo levaram a um embate com Bruxelas. A coligação de quatro partidos liderada por Tusk tinha como objetivo restaurar a independência judicial, mas o mais que conseguiu foi entrar em guerra aberta com o Tribunal Constitucional ao não reconhecer os juízes nomeados durante o governo do PiS. Sem qualquer experiência política prévia antes da campanha eleitoral, Nawrocki anunciou a intenção de criar um conselho para reparar o Estado e a intenção de preparar uma nova Constituição. Prometeu defender a soberania ao dizer que não permitirá à UE retirar competências e que trabalhará para fazer do exército polaco o maior da NATO na UE. Tusk respondeu de pronto: “No seu discurso, o presidente Nawrocki mostrou-se muito franco em relação ao confronto com o Governo. Estamos preparados para isso.” Depois de mostrar esperança na cooperação em questões de segurança e defesa, lembrou: “O presidente representa e o Governo governa.”