O comentador televisivo João Maria Jonet, que pretende ser eleito presidente da Câmara de Cascais nas eleições autárquicas de 12 de outubro, garantiu ao Diário de Notícias que não fará pagamentos a quem angariar as assinaturas de eleitores que são necessárias para oficializar a sua candidatura independente.Em causa está uma mensagem, partilhada em grupos de WhatsApp, na qual se oferecia um euro por cada assinatura de eleitores registados em Cascais, sendo que a população do concelho implica que sejam necessárias quatro mil para a formalização, tal como sucede em todos os municípios com 133 317 ou mais eleitores. Segundo João Maria Jonet, foi uma iniciativa de um dos seus apoiantes, o qual "achou que era uma boa maneira" de cumprir o objetivo, e estaria disponível para pagar do próprio bolso aos angariadores. O candidato diz que se demarcou da mensagem logo que tomou conhecimento desta, o que sucedeu na noite de sábado. Na mensagem, dirigida a "jovens com disponibilidade para estarem na rua durante o verão", prometia-se um euro por cada assinatura válida, com um "mínimo garantido de 25 euros por dia". Aos interessados, aos quais se pedia o número de telemóvel - "Vosso ou do vosso filho/amigo/primo", acrescentava-se -, era explicado que receberiam um briefing rápido e material de apoio, podendo escolher os horários em que estariam disponíveis. E acrescentava-se que poderiam "fazer dias seguidos ou alternados, comforme a vossa agenda de verão", tendo direito a coordenação "para que as equipas não se sobreponham".O Diário de Notícias perguntou à Comissão Nacional de Eleições até que ponto isso seria legal. E, na sequência dessa pergunta, foi emitida uma deliberação, segundo a qual "não existe qualquer impedimento em termos de legislação eleitoral a uma prática do tipo descrito". No entanto, a mesma entidade "entende que é importante que qualquer tarefa inserta em processo eleitoral tenha por essência o sentido de cidadania". Por outro lado, fontes contactadas pelo DN admitiram que o pagamento a angariadores de assinaturas para formalizar candidaturas seria perniciosa, na medida em que criaria o risco de comportamentos comparáveis aos que sucedem nas vendas diretas agressivas. "Não é ilegal. Só não quero fazer isso", disse, por seu lado, João Maria Jonet ao Diário de Notícias, garantindo que neste momento já recolheu mais de duas mil assinaturas para a formalização da candidatura do seu movimento de cidadãos. E está confiante de que, até 18 de agosto, prazo legal para entregar a documentação no Tribunal de Cascais, por faltar então 55 dias para o ato eleitoral, conseguirá as restantes..João Maria Jonet vai apresentar candidatura como independente à Câmara de Cascais.A Câmara de Cascais é atualmente presidida por Carlos Carreiras, eleito pelo PSD-CDS, mas este não pode ir a votos, por limitação de mandatos. Pela coligação de centro-direita avança o seu vice-presidente, Nuno Piteira Lopes, enquanto o PS aposta no líder concelhio João Ruivo, o Chega recandidata o vereador João Rodrigues dos Santos, a Iniciativa Liberal candidata Manuel Simões de Almeida, a CDU terá Carlos Rabaçal como cabeça de lista e Alexandre Abreu encabeça uma coligação entre Bloco de Esquerda, Livre e PAN. Também já anunciou a intenção de se candidatar o ex-deputado do Chega António Pinto Pereira.João Maria Jonet, até agora militante do PSD, apresentou uma Comissão de Honra que junta figuras destacadas, como o atual presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o advogado Daniel Proença de Carvalho, o ex-ministro e ex-deputado social-democrata Fernando Negrão, os comentadores Germano Almeida, Maria Castello Branco e Pedro Marques Lopes, a ex-ministra socialista Maria de Lurdes Rodrigues, o ex-vice-presidente do PSD Paulo Mota Pinto e os atores Miguel Guilherme e Rita Blanco.Atualizado com posição da CNE, que emitiu uma deliberação após a publicação inicial desta notícia.