Papel higiénico, conservas e não só: portugueses gastaram 585 milhões no super

Confinamento ditou uma verdadeira corrida às compras. Só na segunda semana de março, quando as escolas fecharam, foram mais 132 milhões de euros gastos do que na mesma altura no ano passado.
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Foi uma verdadeira corrida aos super e hipermercados para preparar a despensa para enfrentar a pandemia de covid-19 na segunda semana de março. Na mesma altura em que o novo coronavírus foi declarado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, em Portugal, as escolas encerravam, os portugueses voltaram a encher os carrinhos, com as compras de produtos alimentares e de higiene a disparar.

Entre 9 e 15 de março, "as vendas nos hiper e supermercados em Portugal ultrapassaram os 335 milhões de euros, representando um aumento de 65% comparativamente ao mesmo período de 2019, quando as compras rondaram os 203 milhões de euros", adianta a Nielsen ao DN/Dinheiro Vivo. Numa semana, os portugueses gastaram mais 132 milhões do que há um ano. Valores a que acrescem os 250 milhões gastos na primeira semana de covid-19, mais 30 milhões do que na mesma altura no ano passado. Feitas as contas, em duas semanas a viver sob os efeitos do surto do novo coronavírus os portugueses encheram o carrinho com 585 milhões de euros em de compras.

O que compraram os portugueses?

A procura dos consumidores nacionais por produtos de higiene pessoal e do lar disparou 95% entre 9 e 15 de março (semana 11), tendo os produtos alimentares subido 91%, face há um ano. Mas tudo indica que o comportamento de consumo está prestes a entrar numa nova fase.

"Depois desta verdadeira corrida às lojas para prepararem a despensa, os portugueses passam para uma nova fase: a preparação para a vida em quarentena. Nessa nova etapa, a procura pelo online começa a ser cada vez mais evidente e poder-se-ão notar algumas diferenças nas tipologias de loja escolhidas. Será também interessante verificar o impacto que o anúncio do fecho de estabelecimentos comerciais poderá ter no retalho alimentar e nas decisões de compra dos consumidores portugueses", afirma Marta Teotónio Pereira, client consultant senior da Nielsen.

Mas afinal o que compraram os portugueses? Como se antecipava, papel higiénico, muito papel higiénico (+229%). Mas também conservas (+288%). Os números compilados pela Nielsen traduzem bem as preocupações dos consumidores nacionais: produtos como lenços, rolos e guardanapos (+163%), detergentes de roupa e loiça (114%), limpeza do lar (113%), higiene corporal (+107%), fraldas/toalhetes (+103%) e cuidados de saúde (+101%) também ultrapassam o dobro das vendas. Outros produtos como acessórios de limpeza (+98%), produtos embalados/conservação (+89%) e produtos para incontinência (+84%) também tiveram uma procura bem acima da registada em igual período do ano passado.

A procura por produtos alimentares com elevado prazo de conservação também subiu e além das conservas foram os produtos básicos (+237%) a liderar as escolhas dos consumidores nacionais. Mas não só. Produtos instantâneos (+123%), alimentação infantil (+116%), congelados (+115%) e azeite/óleos, condimentos e temperos crescem também de forma muito acentuada, ultrapassando o dobro das vendas na semana 11 (crescimento de mais de 100%). Cereais/flocos (+84%), sobremesas/doces (+77%), laticínios/ovos (+76%) e bebidas quentes (+65%) registaram igualmente crescimentos de monta.

Em que região se comprou mais? E em que tipo de lojas?

"A preocupação com o armazenamento foi sentida, de forma global, em todo o território nacional, com fortes crescimentos em todos os distritos (entre 59% e 74%)", destaca a Nielsen. Mas se na semana anterior tinham sido os distritos mais a sul a reagir primeiro ao surto de covid-19, tendo corrido rapidamente aos supermercados, na semana de 9 a 15 de março a procura foi mais dispersa pelo território, embora com maior expressão em Bragança (+74%), Santarém (+72%) e Guarda (+70%).

"O crescimento verificado nesta semana de análise acontece em todas as tipologias de lojas. Os hipermercados crescem 60%, os ​​​​​​​super grandes 75% e os super pequenos 57%, não havendo já nenhum que se destaque de forma tão evidente", refere a Nielsen.

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