Com 1930 prestes a terminar, o tenente Humberto da Cruz e Carlos Bleck lançaram-se à aventura pelos céus. Levantaram voo a 30 de dezembro, na Amadora, a bordo de um aparelho De Havilland Moth, batizado como Jorge Castilho, para uma viagem aérea à Guiné e a Angola, com regresso a Lisboa. O início da aventura da dupla de aviadores, que viria a terminar em fevereiro do ano seguinte, mereceu amplo destaque na edição do dia seguinte do DN..O voo tinha já antes sido adiado devido a condições meteorológicas adversas, mas naquela terça-feira os dois aviadores conseguiram dar início à viagem com o primeiro destino no horizonte: a cidade portuária de Tânger, em Marrocos.."Na pista, as pessoas presentes acenavam com lenços brancos", lê-se na notícia do DN. "Os aviadores levaram capacetes de cortiça e um telefone para comunicarem entre si, sem necessidade de se deslocarem dos seus respetivos lugares", descrevia o jornal..A notícia revelava outra curiosidade, relacionada com o aviador civil - foi o fundador da Companhia de Transportes Aéreos e, anos mais tarde, viria a integrar o conselho de administração da TAP. Contava o DN que Bleck, "a exemplo do que fizera quando do seu raid à Índia, levou um pinguim como mascotte"..A viagem aérea terminou a 21 de fevereiro de 1931, com o regresso à Amadora, após terem sido percorridos mais de 20 mil quilómetros em 167 horas de voo.