"Na bolsa de Nova Iorque continua a especulação esperando-se nova baixa nos valores monetários". É este o título que se encontra na primeira página do DN de 30 de outubro de 1929, dando conta da queda nos mercados que ficaria para a história como o "crash" da bolsa -- que levaria à Grande Depressão..Após mais um dia em que o número de pessoas a tentar vender os seus títulos era muito superior aos dispostos a comprar, tentava-se ainda pacificar os mercados.."Os meios oficiais, perante a desorganização do mercado, calculam que a nova corrente de vendas não durará representando por consequência apenas uma reação precedendo uma nova baixa considerável devido às vendas por parte dos grandes especuladores e banqueiros, cujas previsões de estabilização do mercado não se realizaram", lê-se no DN de há 90 anos.."Espera-se uma nova baixa de valores monetários e prevê-se que a taxa de desconto oficial de Nova Iorque baixe esta semana", conclui a breve notícia..Os acontecimentos, no entanto, foram bem mais graves. A queda dos valores em bolsa vinha a registar-se desde o dia 24, quando o mercado total perdeu 11% do seu valor de um momento para o outro. A 29 de outubro -- o dia a que se refere a notícia do DN -- o pânico chegou ao seu pico. Cerca de 16 milhões de ações tentaram ser transacionadas (um número recorde que não seria quebrado nos 40 anos seguintes), mas muitas delas não encontraram sequer comprador..O índice Dow caiu 30 pontos (12%) e nem os esforços de grupos de financeiros e milionários -- como os Reckfeller e William C. Durant -- que deram ordens de compra em grandes quantidades (numa tentativa de aumentar a confiança do público) foram suficientes para parar a queda dos preços..Os Estados Unidos e a Europa entravam então na pior recessão alguma vez vivida pelo mundo industrializado.