"Malogrou-se a tentativa reacionária contra o MFA e o governo provisório", foi a manchete a cinco colunas da edição do Diário de Notícias de 29 de setembro de 1974, em pleno período revolucionário. A tentativa referida foi a manifestação da maioria silenciosa, um protesto organizado por grupos de direita em apoio de António de Spínola, então Presidente da República. PSD e CDS não apoiaram este movimento..Militares do MFA e partidos de esquerda, encabeçados pelo PCP, bloquearam os acessos a Lisboa na madrugada anterior, com barricadas em vários pontos. O clima estava próximo da guerra civil e no final do dia Otelo Saraiva de Carvalho, então comandante do COPCON, anunciava, citado na capa do DN: "O Movimento das Forças Armadas controla completamente a situação.".Houve "dezenas de detidos por suspeita de ligação com a tentativa de conspiração reacionária", lia-se também nesta edição..Outro título de uma primeira página totalmente dedicada ao tema referia que tinham sido acordadas "medidas concretas para reforçar e garantir a democratização do país". Mas, no dia seguinte, Spínola estava isolado e demitiu-se da Presidência da República, tendo sido substituído por Costa Gomes..O primeiro-ministro Vasco Gonçalves decretava a "vitória sobre a reação" e o país iria viver mais um ano conturbado. Seguiu-se o Verão Quente de 1975 e o 11 de Novembro do mesmo ano que colocaria fim à indefinição política embora os tempos agitados prosseguissem até ao ano seguinte.