Mário Soares regressa a Portugal após exílio em Paris
"À chegada a Lisboa, o Dr. Mário Soares teve receção entusiástica", assim titulava o DN a 29 de abril de 1974 para anunciar o regresso a Portugal do secretário-geral do Partido Socialista, que desde 1969 encontrava-se exilado na capital de França, Paris, um ano depois de ter sido deportado para São Tomé.
"O advogado Mário Soares, secretário-geral do Partido Socialista Português, regressou, ontem, do seu largo exílio em Paris, na companhia do Dr. Francisco Ramos Costa e do Eng. Tito de Morais, membros dirigentes daquele partido. Na gare de Santa Apolónia, milhares de pessoas enchiam a estação, o largo fronteiro e as ruas adjacentes, empunhando numerosos dísticos. E foi, também com o maior civismo, mas sempre calorosamente, que as boas-vindas foram dadas", podia ler-se no texto do nosso jornal, na primeira página.
"Com a multidão a bradar 'Viva Portugal', 'Unidade' e entoando o hino nacional, o comboio entrou lentamente na estação depois de uma primeira paragem a cem metros, a fim de facilitar a saída de passageiros vindos de França. Logo que a composição estacionou, o Dr. Mário Soares foi positivamente arrancado da carruagem pelos populares e só a custo foi possível isolá-lo na sala destinada aos jornalistas, os quais formavam outra multidão, dado que se encontram em Lisboa muitas dezenas de repórteres estrangeiros, vindos dos quatro cantos do mundo", escreveu o DN.
O regresso de Soares a Portugal conduziu o PS à vitória nas eleições para a Assembleia Constituinte de 1975. Foi ministro dos Negócios Estrangeiros e um dos grandes impulsionadores da independência das colónias. Mais tarde foi primeiro-ministro em três períodos: entre 1976 e 1977, 1978 e entre 1983 e 1985. Entre 1986 e 1996 foi Presidente da República.