Ana Sofia Gonçalves tornou-se aos 18 anos a cara do futsal feminino nacional e, para isso, muito contaram os 21 golos que ajudaram Portugal a vencer o ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, na Argentina, já neste mês. Ao DN, Fifó, como é conhecida desde tenra idade pela família, assume o papel de figura e não só quer estar um dia acima de todas as outras jogadoras como assim quer permanecer muito tempo.."Sim, sinto isso [ser a figura], e o jogador que disser que não gosta disso está a mentir, porque é muito bom que o trabalho seja reconhecido. Mas não deixo de destacar a equipa que trouxe a medalha", diz a jogadora do Benfica.."Acaba por ser uma responsabilidade boa, que gosto de ter", acrescenta..Fifó, que "gostava muito, daqui a cinco ou dez anos", de dizer que ainda está "ao mesmo nível", remata logo de seguida sem hesitação: "Mas não vou esconder, o meu sonho é ser a melhor de todas. A melhor do mundo."."É fácil chegar ao topo, mas não é fácil ficar. É nisso que se destacam muitos jogadores e muitas equipas. Conheço quem lá tenha chegado e depois caiu. O importante para mim é manter", frisa..O bichinho que faz jogar.Fifó estreou-se com a camisola da principal seleção portuguesa de futsal feminino no dia 18 de outubro de 2016. Nesse dia, frente à Espanha, num pavilhão na Galiza, Portugal perdeu 5-3, mas Fifó lembra, "apesar da derrota", um dia "muito especial, por ter sido a primeira internacionalização" de 20, nas quais já fez 17 golos..Admite que estava ansiosa, mas está sempre: "É um bichinho que tenho e, no dia em que deixar de ter, deixo de jogar. É o que me faz ir lá para dentro.".Praticamente dois anos depois, no passado dia 17 de outubro, fez os quatro golos de Portugal na final com o Japão (4-1), chegando aos tais 21, em apenas seis jogos, que chegaram e sobraram para ser a melhor marcadora..Fifó, que chegou ao Benfica em 2014, com o convite a surgir depois de ter mostrado serviço contra as águias pelo Quinta da Luz, não se lembra da estreia pelos encarnados, mas compensa com meia centena de golos, dois campeonatos, três Taças de Portugal e duas Supertaças de águia ao peito..Com a medalha de ouro, contudo, admite que algo mudou: "Estou mais realizada, porque era uma competição que queria ganhar. Conseguimos, o ouro é muito importante para Portugal, e fiquei também muito feliz com o sucesso individual." "Muitas pessoas mandaram mensagens, pediram para me seguir nas redes sociais e foi muito bom para o futsal feminino crescer e ser mais reconhecido", acrescenta..O não às propostas, por agora....Fifó tem bem claro que o "futsal um dia acaba" e será necessária uma "opção B". A terminar o 12.º ano em Gestão Desportiva, gostaria de continuar a vida académica ligada ao desporto. Mas a prioridade está definida e, a curto prazo, pode mesmo nem passar por Portugal.."Para mim o futsal sempre foi prioridade. Não devia ser, a escola devia ser das primeiras, mas eu admito que o futsal esteve sempre um pouco acima, porque é o que eu amo e gosto de fazer. Agora, um dia vai acabar e preciso de outra opção", explica, frisando que sempre teve sucesso nos dois campos."O meu pai disse que me tirava do futsal se chumbasse algum ano", explica..E não fosse a decisão de Ana Sofia em ter a "opção B" e provavelmente nem estaria já em Portugal, porque a qualidade do seu jogo levou a que chegassem propostas, inclusivamente de outros continentes.."No ano passado já tive propostas do estrangeiro, para ser profissional. Mas estava na escola e coloquei logo de parte. Agradeci por se terem lembrado de mim, por me quererem e era uma proposta muito boa. Agora na Argentina também tive a sorte de me convidarem para jogar nos EUA e até me pagavam a faculdade. Mas primeiro quero acabar as minhas coisas aqui em Portugal e depois deste ano, quem sabe, poderei rumar para fora", confessou. Fifó explica que já é representada por uma agência, "como se fosse um empresário", que trata "das propostas de fora"..Ainda sobre uma possível saída de Portugal, diz que é "difícil" deixar o "aconchego da família". "Apesar de dizerem que vamos para fora e vamos ganhar dinheiro, há coisas mais importantes do que isso e a família é um apoio que queremos sempre ter por perto. Não é fácil estar fora do nosso espaço, mas espero um dia fazer ao máximo vida do futsal, pelo menos o que conseguir. Mas isto em Portugal não está assim tão evoluído para isso", queixa-se.."Há dias que não apetece".E então, para evoluir, além de conquistas como o ouro olímpico e competições como próximo Euro 2019, em Gondomar, o que falta ao futsal feminino em Portugal? "Primeiro, não podemos ser comparadas com os rapazes. Eles são profissionais e têm tudo. Mas estas vitórias dão visibilidade e nós sabíamos disso. Temos de continuar a ganhar para ter mais apoios e patrocínios, por exemplo. Eles têm mais do que nós e trabalham muito para isso, é verdade, mas nós raparigas também não fazemos vida disto. Vamos trabalhar, para a escola, e só ao fim do dia é que treinamos. Tenho colegas que não conseguem conciliar muito bem e andam sempre em cima da hora em todo o lado.".Com escola e futsal a ocupar os dias, Fifó admite que "é sempre preciso um esforço" para conciliar tudo. "Não só para mim, como para as minhas colegas, porque não somos profissionais. Há dias que não apetece, sou sincera. Talvez por estarmos mais cansadas, mas fazemos isto porque gostamos realmente, não é pelo dinheiro. Algumas colegas trabalham, eu estudo, e há dias em que estamos mais cansadas, mas naquela hora e meia sabemos que temos de dar tudo", diz sobre os três treinos semanais no Benfica..Dos picaditos a Ricardinho e CR7.Ainda "novita", Fifó jogava sempre à bola no recreio com os colegas, "sem falhas". "Era sempre com os rapazes. E sim, gostava muito de jogar e ver quem passava por quem e alguns ficavam picaditos quando eu conseguia passar por eles ou fintá-los. Sempre adorei jogar à bola", refere, confessando que desde muito nova tem "golo" nos pés..Foi também a 18 de outubro de 2016 que Fifó se tornou a mais jovem a chegar às seleções principais de futsal ou futebol. Fê-lo antes de Cristiano Ronaldo, no futebol, e antes de Ricardinho, no futsal..E, em final de conversa, Fifó assume a felicidade e almeja mais: "É muito gratificante porque não houve mais ninguém a chegar tão cedo e fico contente por bater um recorde do Ricardinho, do Cristiano Ronaldo e de todos os outros. Mas para mim isso não chega, quero mais."
Ana Sofia Gonçalves tornou-se aos 18 anos a cara do futsal feminino nacional e, para isso, muito contaram os 21 golos que ajudaram Portugal a vencer o ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, na Argentina, já neste mês. Ao DN, Fifó, como é conhecida desde tenra idade pela família, assume o papel de figura e não só quer estar um dia acima de todas as outras jogadoras como assim quer permanecer muito tempo.."Sim, sinto isso [ser a figura], e o jogador que disser que não gosta disso está a mentir, porque é muito bom que o trabalho seja reconhecido. Mas não deixo de destacar a equipa que trouxe a medalha", diz a jogadora do Benfica.."Acaba por ser uma responsabilidade boa, que gosto de ter", acrescenta..Fifó, que "gostava muito, daqui a cinco ou dez anos", de dizer que ainda está "ao mesmo nível", remata logo de seguida sem hesitação: "Mas não vou esconder, o meu sonho é ser a melhor de todas. A melhor do mundo."."É fácil chegar ao topo, mas não é fácil ficar. É nisso que se destacam muitos jogadores e muitas equipas. Conheço quem lá tenha chegado e depois caiu. O importante para mim é manter", frisa..O bichinho que faz jogar.Fifó estreou-se com a camisola da principal seleção portuguesa de futsal feminino no dia 18 de outubro de 2016. Nesse dia, frente à Espanha, num pavilhão na Galiza, Portugal perdeu 5-3, mas Fifó lembra, "apesar da derrota", um dia "muito especial, por ter sido a primeira internacionalização" de 20, nas quais já fez 17 golos..Admite que estava ansiosa, mas está sempre: "É um bichinho que tenho e, no dia em que deixar de ter, deixo de jogar. É o que me faz ir lá para dentro.".Praticamente dois anos depois, no passado dia 17 de outubro, fez os quatro golos de Portugal na final com o Japão (4-1), chegando aos tais 21, em apenas seis jogos, que chegaram e sobraram para ser a melhor marcadora..Fifó, que chegou ao Benfica em 2014, com o convite a surgir depois de ter mostrado serviço contra as águias pelo Quinta da Luz, não se lembra da estreia pelos encarnados, mas compensa com meia centena de golos, dois campeonatos, três Taças de Portugal e duas Supertaças de águia ao peito..Com a medalha de ouro, contudo, admite que algo mudou: "Estou mais realizada, porque era uma competição que queria ganhar. Conseguimos, o ouro é muito importante para Portugal, e fiquei também muito feliz com o sucesso individual." "Muitas pessoas mandaram mensagens, pediram para me seguir nas redes sociais e foi muito bom para o futsal feminino crescer e ser mais reconhecido", acrescenta..O não às propostas, por agora....Fifó tem bem claro que o "futsal um dia acaba" e será necessária uma "opção B". A terminar o 12.º ano em Gestão Desportiva, gostaria de continuar a vida académica ligada ao desporto. Mas a prioridade está definida e, a curto prazo, pode mesmo nem passar por Portugal.."Para mim o futsal sempre foi prioridade. Não devia ser, a escola devia ser das primeiras, mas eu admito que o futsal esteve sempre um pouco acima, porque é o que eu amo e gosto de fazer. Agora, um dia vai acabar e preciso de outra opção", explica, frisando que sempre teve sucesso nos dois campos."O meu pai disse que me tirava do futsal se chumbasse algum ano", explica..E não fosse a decisão de Ana Sofia em ter a "opção B" e provavelmente nem estaria já em Portugal, porque a qualidade do seu jogo levou a que chegassem propostas, inclusivamente de outros continentes.."No ano passado já tive propostas do estrangeiro, para ser profissional. Mas estava na escola e coloquei logo de parte. Agradeci por se terem lembrado de mim, por me quererem e era uma proposta muito boa. Agora na Argentina também tive a sorte de me convidarem para jogar nos EUA e até me pagavam a faculdade. Mas primeiro quero acabar as minhas coisas aqui em Portugal e depois deste ano, quem sabe, poderei rumar para fora", confessou. Fifó explica que já é representada por uma agência, "como se fosse um empresário", que trata "das propostas de fora"..Ainda sobre uma possível saída de Portugal, diz que é "difícil" deixar o "aconchego da família". "Apesar de dizerem que vamos para fora e vamos ganhar dinheiro, há coisas mais importantes do que isso e a família é um apoio que queremos sempre ter por perto. Não é fácil estar fora do nosso espaço, mas espero um dia fazer ao máximo vida do futsal, pelo menos o que conseguir. Mas isto em Portugal não está assim tão evoluído para isso", queixa-se.."Há dias que não apetece".E então, para evoluir, além de conquistas como o ouro olímpico e competições como próximo Euro 2019, em Gondomar, o que falta ao futsal feminino em Portugal? "Primeiro, não podemos ser comparadas com os rapazes. Eles são profissionais e têm tudo. Mas estas vitórias dão visibilidade e nós sabíamos disso. Temos de continuar a ganhar para ter mais apoios e patrocínios, por exemplo. Eles têm mais do que nós e trabalham muito para isso, é verdade, mas nós raparigas também não fazemos vida disto. Vamos trabalhar, para a escola, e só ao fim do dia é que treinamos. Tenho colegas que não conseguem conciliar muito bem e andam sempre em cima da hora em todo o lado.".Com escola e futsal a ocupar os dias, Fifó admite que "é sempre preciso um esforço" para conciliar tudo. "Não só para mim, como para as minhas colegas, porque não somos profissionais. Há dias que não apetece, sou sincera. Talvez por estarmos mais cansadas, mas fazemos isto porque gostamos realmente, não é pelo dinheiro. Algumas colegas trabalham, eu estudo, e há dias em que estamos mais cansadas, mas naquela hora e meia sabemos que temos de dar tudo", diz sobre os três treinos semanais no Benfica..Dos picaditos a Ricardinho e CR7.Ainda "novita", Fifó jogava sempre à bola no recreio com os colegas, "sem falhas". "Era sempre com os rapazes. E sim, gostava muito de jogar e ver quem passava por quem e alguns ficavam picaditos quando eu conseguia passar por eles ou fintá-los. Sempre adorei jogar à bola", refere, confessando que desde muito nova tem "golo" nos pés..Foi também a 18 de outubro de 2016 que Fifó se tornou a mais jovem a chegar às seleções principais de futsal ou futebol. Fê-lo antes de Cristiano Ronaldo, no futebol, e antes de Ricardinho, no futsal..E, em final de conversa, Fifó assume a felicidade e almeja mais: "É muito gratificante porque não houve mais ninguém a chegar tão cedo e fico contente por bater um recorde do Ricardinho, do Cristiano Ronaldo e de todos os outros. Mas para mim isso não chega, quero mais."