O secretário-geral do Partido Socialista Catalão (PSC) acredita que a situação que se vive na Catalunha "é melhor do que há um ano". Apesar disso, reconhece Miquel Iceta, "agora não é o momento para a negociação"..Desde o dia 1 de outubro de 2017, quando teve lugar o referendo sobre a independência da Catalunha, muita coisa mudou. "Os governos nacional e o autonómico começam a falar e podem chegar a acordos concretos, sobre dívidas ou outras reivindicações, mas não entram na questão de fundo que é a divisão do poder", afirma Iceta, durante um encontro com correspondentes estrangeiros. E é assim que deve ser, refere, pois neste momento "não há condições para ir mais longe até passar o julgamento e a sentença dos políticos que estão na prisão"..Há nove dirigentes catalães detidos à espera de julgamento por causa da organização ilegal daquela consulta popular. Nela, perguntaram aos catalães se eram a favor de uma Catalunha independente sob a forma de uma República. O ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont é alvo de um mandado de captura em Espanha e, por isso, está exilado na Bélgica. O ex-vice-presidente da Generalitat e líder da Esquerda Republicana da Catalunha, Oriol Junqueras, é um dos detidos..Além disso, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que em junho sucedeu a Mariano Rajoy, "não tem força para uma negociação" no Parlamento porque os socialistas estão em minoria e depende do apoio de partidos mais pequenos. "Era imprescindível saber que é possível falar. É preciso tempo, tentar um atalho não é bom, não se confia no outro de um dia para o outro", refere Iceta, considerando que o diálogo é essencial..O líder do PSC pensa que um bom momento para buscar um verdadeiro acordo pode ser "depois das eleições na Catalunha e em Espanha". E o que se pode então colocar sobre a mesa das negociações quando a altura chegar? "Como disse Jordi Pujol, é uma questão de poder e dinheiro", sublinha o também presidente do grupo parlamentário socialista no Parlamento da Catalunha. Constata que numa sociedade dividida "é difícil resolver o problema" mas não considera completamente impossível que as pessoas mudem e aproximem posições. Por exemplo, agora "Puigdemont fala de um referendo tutelado pela UE e Junqueras de um referendo acordado entre os dois governos"..O líder socialista catalão afirma também que "ninguém está onde queria", nem independentistas nem os que defendem a unidade de Espanha. Mas acredita que a política de Pedro Sánchez "está correta" tendo em conta a sua debilidade parlamentar..Miquel Iceta lembra que o independentismo "está num momento difícil porque ganhou as eleições com um programa impossível". Prometeu o regresso de Puigdemont, a proclamação da República e a libertação dos presos, "mas nada cumpriu". Além disso, "há uma divisão entre eles". Na sua opinião, o que pode acontecer agora vai ser influenciado pela sentença dos independentistas presos por rebelião. "O calendário político catalão depende disto", sublinha, e caso a sentença seja condenatória, "teremos eleições"..O que podemos esperar nas ruas da Catalunha nos próximos dias? "O independentismo anunciou um outono quente mas não parece que seja assim", começa por assinalar Iceta. Espera um 1 de outubro menos agitado do que o anunciado e pessoas com menos medo, mas ao mesmo tempo reconhece que existe a radicalização de uma parte pequena do setor independentista, mas precisam adaptar-se a uma nova realidade.."Ninguém vai querer reconhecer esse fracasso enquanto os líderes estiverem na prisão", afirma Iceta. Em privado, os independentistas "aceitam que cometeram erros e algumas vozes pedem reflexão, mas são minoritárias"..Um ano depois, o secretário-geral do PSC lembra que o governo de Rajoy "cometeu também erros" como "reprimir as pessoas que queriam votar. O dispositivo estava errado". Agora, Iceta acredita que é possível "oferecer alternativas e demonstrar que com acordos a Catalunha pode ganhar em autonomia e financiamento". Sobre o futuro do governo central espanhol acredita que "Sánchez vai tentar levar a legislatura até o fim mas que isso nem sempre vai depender dele". Caso não consiga aprovar o Orçamento do Estado, "os espanhóis irão às urnas"..Em Madrid