Face ao crescimento do número de infetados com covid-19 em concelhos da área metropolitana de Lisboa, o Governo decidiu medidas especiais para 19 freguesias, envolvendo os concelhos da Amadora, Odivelas, Sintra, Loures e Lisboa..Estas freguesias mantém-se em situação de calamidade; já na Área Metropolitana de Lisboa o estado de prontidão "baixa" para estado de contingência. O resto do país passa a estado de alerta (o mais "suave" dos estabelecidos na Lei de Bases da Proteção Civil). As medidas de mitigação irão vigorar de 1 a 14 de julho..As medidas para 19 freguesias da AML são:.• Dever cívico de recolhimento domiciliário.• Proibidas feiras e mercados de levante.• Ajuntamentos limitados a 5 pessoas.• Reforço da vigilância dos confinamentos obrigatórios por equipas conjuntas da Proteção Civil, Segurança Social e Saúde Comunitária.• Programa Bairros Saudáveis (um programa de dimensão nacional que será coordenado por Helena Roseta e que, segundo o comunicado do Conselho de Ministros, "pretende ser um instrumento de política pública tendo em vista a dinamização de parcerias e intervenções locais para a promoção da saúde e da qualidade de vida das comunidades territoriais, através do apoio a projetos candidatados por associações, coletividades, organizações não governamentais, movimentos cívicos e organizações de moradores, em colaboração com as autarquias e as autoridades de saúde")..Quais são as 19 freguesias?.A totalidade das freguesias do concelho da Amadora: Alfragide, Águas Livres, Falagueira-Venda Nova, Encosta do Sol, Venteira e Mina de Água..A totalidade das freguesias de Odivelas: Odivelas, Pontinha-Famões, Póvoa de Santo Adrião-Olival de Basto e Ramada-Caneças..Seis das 11 freguesias de Sintra: Agualva-Mira Sintra, Algueirão-Mem Martins, Cacém-S. Marcos, Massamá-Monte Abraão, Queluz-Belas e Rio de Mouro..Duas das dez freguesias de Loures: Camarate-Unhos-Apelação e Sacavém-Prior Velho..Uma das 24 freguesias de Lisboa: Santa Clara..Estas medidas somam-se às que foram aprovadas para o resto da Área Metropolitana (que "baixou" de situação de calamidade para situação de contingência)..• Encerramento de estabelecimentos comerciais às 20h (exceto: em restauração para serviço de refeições e take-away; super e hipermercados (até às 22h); abastecimento de combustíveis; clínicas, consultórios e veterinários; farmácias; funerárias; equipamentos desportivos.• Proibição de venda de álcool nas estações de serviço.• Ajuntamentos limitados a dez pessoas..Já no conjunto de Portugal continental (que passará da situação de calamidade à situação de alerta) regras serão as seguintes:.• Confinamento obrigatório para doentes e pessoas em vigilância activa.• Mantêm-se regras sobre distanciamento físico, uso de máscara, lotação, horários e higienização.• Ajuntamentos limitados a 20pessoas.• Proibição de consumo de álcool na via pública..• Contraordenações de 100 a 500 euros (pessoas singulares) e de mil a cinco mil euros (pessoas coletivas)..Na conferência de imprensa depois do Conselho de Ministros, o chefe do Governo considerou que "as situações de transmissibilidade estão num nível expectável e controlável em todo o território nacional". Deixou no entanto um aviso: "Do estado de alerta não sairemos seguramente até ao final da pandemia.".António Costa salientou que o número de recuperados tem vindo a evoluir positivamente; a capacidade de resposta do SNS em internamento e testagem tem sido positiva; e criaram-se assim condições para que na generalidade do país se passe da situação de calamidade para situação de alerta..Porém, "é evidente que não são os testes que criam casos, mas também é evidente que se não fizer testes não tenho casos". Costa salientou a "total transparência relativamente aos dados", dizendo também que não se "anda a não fazer testes para ficar bem na fotografia internacional": "Se há mais casos, há mais casos.".O primeiro-ministro defendeu no entanto que a UE deveria uniformizar critérios, dizendo que "é óbvio que a probabilidade de termos mais casos positivos ao fazermos 108 mil testes é maior do que se só fizemos 20 mil". E "a maior prova de que não estamos a desvalorizar o problema é o facto de aumentarmos os testes"..Sobre a reunião de quarta-feira no Infarmed, disse que não tem "nenhum reparo" a fazer à síntese feita pelo Presidente da República. "Se vai haver uma próxima onda só os próximos dias o dirão, já sabemos que os números variam e que às segundas-feiras os números são mais reduzidos, e que na terça há sempre mais reporte", afirmou. "Temos de olhar para os números às semanas", diz sublinhando que se deve distinguir os surtos isolados das "novas ondas"..Além do mais - disse, ainda falando sobre a reunião do Infarmed - "o desconhecimento do vírus ainda é muito grande, há uma espécie de laboratório em tempo real, e há sempre opiniões divergentes, contraditórias, coisas que se dizem num dia e na semana seguinte é o inverso". E "não podemos exigir aos cientistas mais do que eles têm para dar" apesar disso implicar alguma "frustração"..O primeiro-ministro reconheceu, por outro lado, não ter tido uma resposta clara dos especialistas sobre o número mais elevado de infetados na Área Metropolitana de Lisboa. O que dizem, genericamente, é que as principais fontes de transmissão são a coabitação e o trabalho. "Temos adotado medidas que permitam intervir, sendo que é difícil intervirmos dentro de casa", afirma - salientando no entanto que tem havido realojamento de pessoas infetadas..Quanto aos transportes públicos, afirmou que que a CP já repôs a sua capacidade de oferta total na AML. E no próximo dia 1 estará reposta 90% da oferta do transporte rodoviário. Mas o Orçamento Suplementar reforçará as verbas..Quanto à Área Metropolitana de Lisboa, afirma que é preciso perceber se "destapamos" uma situação que estava oculta porque as autoridades estavam mais focadas noutras regiões do país ou se há uma realidade nova. "Não estamos a trabalhar para a fotografia internacional, estamos a trabalhar para controlar uma situação de saúde pública", insistiu.