A promessa, solene e pública, foi do primeiro-ministro António Costa, na conferência de imprensa conjunta com o presidente de Angola, João Lourenço, que os dois deram ontem no Porto: "Da parte de Portugal, como não poderia deixar de ser, daremos toda a colaboração às autoridades angolanas, tendo em vista apoiá-las na prioridade que definiram do combate à corrupção, promoção de concorrência leal e recuperação de capitais que estejam indevidamente titulados.".E - acrescentou - "o que importa aqui é essencialmente dar o seu a quem é seu", isto é, "atribuir a titularidade do capital a quem deve ser titular do capital". "Mais do que saber onde estão localizados os depósitos, o importante é saber em nome de quem estão titulados", explicou Costa, falando na necessidade de o "dinheiro que pertence a Angola ser contabilizado".Explicita e reiteradamente, o chefe do governo português afirmou a João Lourenço o apoio de Portugal ao "combate anticorrupção" que o presidente angolano elegeu como uma das grandes prioridades do seu mandato (a outra é a diversificação da economia de modo a torná-la menos dependente do petróleo). Costa fez mesmo questão de deixar claro que esta é uma matéria de sintonia total no Estado português - ou seja, o PR Marcelo Rebelo de Sousa também está alinhado..Ao lado de Costa, na sala árabe do Palácio da Bolsa, João Lourenço ouviu essa promessa e ainda uma outra: será aumentada a linha de crédito de apoio ao investimento português em Angola (tanto para empresários que já lá estejam como para empresários que queiram iniciar projetos). Antes, o PR angolano havia garantido que está em resolução o problema das dívidas de Angola a empresários portugueses. Aqui, Costa acrescentou números: foram identificadas ("certificadas") dívidas de 200 milhões dos quais já foram pagos cem milhões..Tendo o dia de João Lourenço no Porto tido uma forte componente económica - com um seminário na Alfândega em que participaram cerca de 800 empresários -, acabou por ser natural ouvirem-se apelos para que estes ajudem Angola na missão de diversificação da sua economia..Angola - disse João Lourenço aos empresários - tem "imensas riquezas por explorar e vastas oportunidades de negócio". O PR angolano apontou a construção, os serviços, a agricultura, as pescas, a indústria e o turismo como áreas em que gostaria de ver os empresários portugueses a investir em Angola: "Exorto a classe empresarial portuguesa a orientar os investimentos preferencialmente para estas áreas". "Reiteramos o nosso convite para o reforço do investimento direto em Angola", insistiu..Segundo acrescentou, estão a ser "superadas as razões que levavam muitos homens de negócio portugueses a abrandar o ritmo e o volume dos seus investimentos em Angola", dada "a criação pelo executivo angolano de condições de natureza política, macroeconómica e de regulamentação de investimentos, com o empenho com que tem estado a por freio às práticas lesivas do erário publico e a combater a corrupção e a imunidade"..Além disso, "os novos procedimentos para atribuição de vistos para os investidores e turistas também ajudam a criar um melhor ambiente de negócios", nomeadamente com a criação do "visto do investidor", que "garante um tratamento diferenciado em termos de entrada e permanência no país aos homens de negócios que, investindo no país, pretendem acompanhar de perto os seus projetos". "Tenho a certeza de que no final seremos todos ganhadores. Sejam, pois, bem-vindos a Angola", foi a frase com que o presidente de Angola encerrou o seu discurso perante os empresários..À tarde, João Lourenço regressou a Lisboa, para um encontro num hotel com membros da comunidade angolana residente em Portugal. A visita oficial terminará amanhã, depois de uma visita à base do Alfeite. O PR angolano partirá de Lisboa para Luanda no domingo de manhã.